quarta-feira, 8 de abril de 2015

O MEU 'PAI NOSSO' DE TODOS OS DIAS


             Meu querido Pai do Céu, eu sei muito bem que Você está no Céu. Mas prefiro sentir Você aqui na Terra, nas tarefas do meu dia-a-dia. Deixe-me sentir Você de mãos dadas comigo, passeando ali pela XV de Novembro, em qualquer manhã fria de Curitiba. Aliás, diga-me Você: qual a manhã que não é fria em Curitiba?
         Deixe-me sentir Você ao meu lado, atravessando a rua, movimentadíssima, fora da faixa de pedestres, com um olho na barraquinha de cachorro-quente, e do outro lado a balança, me fazendo caretas ali da farmácia da esquina.
          Vim de longe, lá do Tingui, para resolver problemas burocráticos aqui no Centro. E, enquanto espero que o escritório se abra, deixe-me sentir Você sentado do meu lado neste já tradicional "inferninho da XV"  (desculpe a blasfêmia, mas é mera questão de neologismo, e nisto eu sou mestre, pois tenho diploma universitário de professor de Português)...
           Estou vendo Você aí piscando disfarçadamente quando o garçom me trouxe a segunda dose de "batidinha..." Não tem importância não, pois comecei a gostar de "batidinha" ainda molecote,  num boteco do meu pai lá em Caldas, na velha Minas Gerais...
            De repente, não sei porquê, mas vendo aqueles garotos ali com os pais, tomando refrigerante, me deu uma saudade tremenda de meus dois filhos queridos, a Raquel e o Júlio, já falecidos. E suplico a Você,  meu Pai do Céu, que os tenha na paz do Paraíso.
            Estou chorando sim, mas não se importe com o meu choro de saudade deles, porque sei que foi Você quem inventou o choro e a lágrima, e Você sabe sempre o que faz.
            Deixe-me sentir Você se revoltar comigo porque eu lhe disse que "adoro" a Capitu do "Dom Casmurro",  - só devo adorar Você!  -  e uma vizinha, professora, me chamou de "atrasado" por ler Machado de Assis e deixar de lado a literatura moderna...
            Deixe-me perdoar certa gente que só sabe odiar, porque nunca aprendeu a amar. Deixe-me entender os bêbados que estão dando espetáculo ali no boteco em frente, e nem ouvindo o vozeirão da Inesita Barroso na vitrola...  Pois eu gosto dela e do seu vozeirão, que me lembra o vento ruidoso das tardes de tempestade.
            Deixe isso tudo e mais uma porção de coisas que eu não me lembro agora, mas depois eu posso lembrar e lhe dizer na hora da oração da noite.
            E não adianta fazer essa cara de zangado, porque eu sei que no fundo Você está rindo de mim e me perdoando.
            Digo isto porque Você está no Céu e porque não foi à toa que Você resolveu ressuscitar Seu  Filho Nosso Senhor Jesus Cristo, na semana passada, como aprendi nas cerimônias da Semana Santa na igreja do  meu bairro...

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Aroldo Teixeira de Almeida é professor aposentado do Quadro Próprio do Magistério Paranaense.


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Um comentário:

  1. Olá Aroldo, tudo bem? Passei por aqui e gostei muito de seu blog; agora sou sua seguidora. Gostaria de convidá-lo para conhecer meu blog Louvor a Deus: http://jesuscristoemminhavida.blogspot.com.br/. Caso goste seria uma honra tê-lo como nosso seguidor.
    Parabéns e sucesso com seu blog.
    Bjs
    Eliane

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