Epitáfio, composto pelo poeta Rainer Maria Rilke, para ser colocado sobre seu túmulo:
- "Rose, ó pure contradiction, volupté de n´être le sommeil de personne sous tant de paupières".
- "Rosa, ó pura contradição, doçura intensa de não ser o sono de ninguém, sob tantas pálpebras!"
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Estou nesta semana lendo o Evangelho de João. Este Evangelho não tem, como o de Mateus, uma longa mensagem de esperança. Mateus, no seu Evangelho, dirigia-se aos judeus que tinham o problema do tempo tão vivo como nós o temos hoje, embora com aspectos diferentes.
No Evangelho de João a Esperança entra pelo Amor, e começa logo falando em núpcias, as núpcias de Caná da Galiléia. E muito mais tarde, já nas vésperas de Sua paixão e morte, Jesus Se despede de Seus discípulos:
-"Ainda um pouco mais de tempo e vós não Me vereis; depois, ainda um pouco mais de tempo, e Me vereis novamente".
Os discípulos O interrogam sobre esse "ainda um pouco mais de tempo", e Jesus lhes promete uma alegria que ninguém lhes poderá tirar. A Esperança, no Evangelho de João, está abraçada à Caridade, e as palavras de Jesus procuram conter no Amor a impaciência cristã.
Homens e mulheres que creem em Deus são também impacientes, mas em relação ao "hóspede que tarda." Homens e mulheres são impacientes quanto à Parusia, mas pacientes na vida cotidiana. Estão no tempo, mas não são do tempo. E por não serem do tempo, são impacientes.
O cristão é realmente, segundo a Esperança, vigilante como um soldado, e confiante como uma criança.
Cuidadoso como um soldado que o Rei mandou vigiar os confins de Seu império, e descuidado como uma criança que dorme. Essa impaciência é amorosa, porque é com ela que participamos na paixão do Senhor.
Somos impacientes como crianças, pacientes como soldados. Impacientes como noivos e pacientes como noivos. Não há conflito entre a Parusia e o cotidiano, como não os há entre o enxoval e as núpcias. Há ainda um pouco mais de tempo...
A Esposa paciente, que gira a roca e maneja o fuso, tem ouvidos finos e ouve os passos do Bem-amado que vem correndo pelos montes. Curva-se mais sobre o pano que tece, vigia com mais zelo o óleo de Sua lâmpada. Ainda um pouco mais de tempo, ainda um pouco mais de tempo...
Os sacerdotes de Deus, soldados que vigiam e crianças que cantam, se curvam sobre a imensa tapeçaria litúrgica que paramenta os séculos, e retomam o fio de todos os dias: Advento, Natal, Páscoa, Tempo Comum; e o retomam, como eu faço todos os dias, na "Liturgia das Horas": atento como soldados, confiante como crianças.
E a Esposa de ouvidos finos ouve os passos do Bem-amado que vem correndo pelos montes. Ele aí vem! Cedendo à impaciência apaixonada que nada mais pode conter, suspende um momento as mãos do fuso, pára um instante a roca, esquece a lâmpada, e grita dentro do coração:
- "Vinde, Senhor Jesus, vinde! Maranata!
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Aroldo Teixeira de Almeida é professor aposentado de Português e Francês do Quadro Próprio do Magistério Paranaense e bacharel em Teologia Sistemática e Direito Canônico pela Pontifícia Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, da Capital paulista.
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Aroldo Teixeira de Almeida é professor aposentado de Português e Francês do Quadro Próprio do Magistério Paranaense e bacharel em Teologia Sistemática e Direito Canônico pela Pontifícia Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, da Capital paulista.
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