quarta-feira, 4 de abril de 2012

A PROCURA DE DEUS

            "Procurai Javé enquanto é possível encontrá-lo. Invocai-o enquanto Ele está perto."
            (Isaías, 55,6)
     
            Homem e mulher não darão sentido às suas buscas vida a fora senão quando procuram Deus. É visando este termo que eles conseguem ir até ao fim de si mesmos, e até para muito além. É atingindo-o que eles cumprem a sua vocação. É entrando por esse caminho que eles conhecerão a verdadeira e duradoura alegria. Quer queiram, quer não, a verdade é que homem e mulher andam à procura de Deus. E quando O encontram, Ele também vai ao seu encontro, dirige-se a eles, solicita deles aquilo que eles não talvez não possam, não devam, nem queiram dar-lhe. Mas permenece o fato de que homem e mulher, conscientes ou inconscientemente, estão à procura de Deus.
           Mesmo quando o rejeitam, ou por não compreendê-lo, ou porque foi-lhe apresentado uma caricatura de Deus, ou porque chegam a negá-lo mediante teses bem construídas, até mesmo quando, como o fez Nietzsche, acabam proclamando a morte de Deus ou, como o ateu Sartre com a sua blasfêmia - "Eu suprimi e aniquilei Deus Pai"-, pois até a esse ponto, homem e mulher escondem no recesso de seus corações uma torturante nostalgia de Deus. Como diria Charles Moeller em sua monumental obra "Literatura do Século XX e Cristianismo",  - "Sartre vangloria-se de ter matado a Deus, mas não consegue desvencilhar-se de Seu cadáver."
            Ou como Michel Mourre, em páginas de comovedora sinceridade, conta que durante uma missa na catedral de Notre Dame, em Paris, fez esta oração: - "Odeio a Igreja, porque me julgo incapaz da sua esperança, incapaz de aceitar esse Deus crucificado que ela oferece a mim!"
            Tentando explicar esse fenômeno tanto da rejeição, quanto da procura de Deus, Pascal distingue três categorias de homens e de mulheres em relação a Deus: - "Não há senão três espécies de pessoas: umas que servem Deus, tendo-O já encontrado; outras que se empenham em buscá-Lo, não O tendo ainda encontrado; outras que vivem sem O procurar nem O ter achado. As primeiras são sensatas e felizes; as últimas são loucas e infelizes; as do meio são infelizes e insensatas."
            Abrangerá esta tríplice distinção todas as situações espirituais? Aqueles que tendo encontrado Deus e O servem, têm de O procurar ainda. Existirão seres humanos que vivam sem O buscar? Os ateus não são outra coisa senão idólatras. Além disso, Pascal não nos diz qual a natureza dessa busca de Deus.
           



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