quarta-feira, 31 de julho de 2013

GENTE GRANDE NÃO ENTENDE MESMO!...



          A Graziela, ou Grazi, minha nora, mãe do Guilherme e da Giovana, meus netinhos, cismou que o Guilherme é quem tinha perdido a chave do carro do pai. Exigiu, então, que ele virasse pelo avesso os dois bolsos de sua calça e os dois bolsos da sua jaqueta contra o frio.
          Quanta coisa saiu de dentro daqueles quatro bolsos! Tudo, menos a chave do carro.
          A Grazi foi ficando furiosa com o que lhe parecia bugiganga com que ele enchia os bolsos... Como é difícil para um adulto entender o mundo encantado das crianças!
          Sabendo da história, pela Giovana, senti saudades do meu tempo de criança, perdido faz setenta e tantos anos, quando também meus bolsos eram iguaizinhos aos do Guilherme!
          Um carretel vazio! A Grazi, apesar de toda a sua experiência de vida, podia lá entender que a coisa parecia de fato um carretel, mas era telefone espacial para contatar astronautas nos espaços siderais?...
          Um pedaço de barbante!... Como a gente grande podia aceitar que se trata não de um vulgar barbante, mas de corda mágica a ser estendida de montanha a montanha, ou por cima das águas revoltas do rio, quando fosse preciso atravessar para a outra margem!?...
          Pedrinhas de tamanhos, cores e formatos diferentes: aqui é que a coitada da Grazi ia mesmo torcer o nariz, sem poder de maneira alguma acreditar que eram pedaços da Lua, trazidos de lá por um astronauta!...
          Vendo sempre sair de dentro dos bolsos do Guilherme as coisas mais absurdas e inesperadas, menos a danada da chave do carro, quando a Grazi viu aparecer um guizo já meio amassado, não aguentou mais e disparou:
           - "Afinal, uma coisa que eu entendo... Um guizo! Você merece mesmo andar de guizo no pescoço, nas mãos, nos pés, seu palhacinho!..." 
           O Guilherme ficou triste, mas não disse nada. Eu, se fosse testemunha do caso, com certeza dava uma de intrometido, e dizia à desconcertada mãe:
           - "Vai ver que se trata de guizo mágico, trazido por algum peixe do fundo do mar... Vai ver que é guizo que espanta a tristeza e traz a alegria... para certas mães que conheço!
           Tive vontade de dizer, mas não disse. A Grazi não ia entender. Gente grande, principalmente se for mulher, aí é que não entende mesmo, até as coisas mais simples...
           A Giovana, irmãzinha do Guilherme, me disse ainda que dos bolsos do Gui saíram mais coisas: vários grãos de milho, um prego, uma bolinha de gude, uma tira de pano, um retrato do Neimar...
           A tira de pano estava na cara que era para enfeitar o papagaio... O pião devia ser o campeão de dança do mundo dos piões... Grãos de milho, com imaginação criadora, dá nascimento a tudo que se quiser...
           O prego! Ora, o prego: mas que mania de querer explicação para tudo!  Por que não deixar o prego para alguma surpresa?... Vai ver que antes da noite chegar ele vai ser usado e aproveitado uma meia dúzia de vezes...
           Seria o cúmulo da burrice a Grazi perguntar a razão da presença do retrato do Neimar no bolso do Guilherme!...
           Que paciência de Jó as crianças precisam ter com a gente grande!...

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(PS.: este texto é dedicado ao pai do Gui, Aroldo Júnior, pela passagem do Dia dos Pais!...)

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sexta-feira, 26 de julho de 2013

PALAVRAS DA VIDA ETERNA


          Palavras de Jesus de Nazaré:

          - "Aquele que acreditar em mim, rios de água viva brotarão do seu seio, até à Vida Eterna".
          As águas da Graça correm incessantemente pelo mundo. É necessário um mestre para quem quer aprender a nadar. Se esse mestre segura demais o aluno, este nunca aprenderá a nadar. Se não o segura bastante, ele se afogará.
          O Espírito Santo ampara-nos na Fé, nem demais nem de menos. Não demais, porque não devemos acreditar livremente e racionalmente e sem  o nosso consentimento a Graça nada pode: um pequeno dique pode deter o oceano; não de menos, porque só nas águas da Graça é que nossa razão e nossa liberdade encontram a perfeita agilidade que nos permite avançar e sermos levados pela Graça, misteriosamente aliviados de nosso peso.
          Se fizermos o que depende de nós, ansiaremos pelas águas: - "Todos vós que tendes sede, vinde às fontes de água e bebei, graciosamente, da fonte do Salvador".
          Só o Espírito Santo faz jorrar em nós as águas eternas. Num diálogo de verdadeiro amor, Jesus nos pede que digamos "Sim" à Graça. Uma vez que nossa alma esteja entregue às Suas mãos de inefável caridade, deixemo-Lo agir. O Arquiteto Divino conhece o plano da Morada Celeste que edifica em nós, ao mesmo tempo que se desfaz a habitação carnal do nosso corpo e da nossa vida.
          Deus nos permitirá crer, se dissermos "Sim" à Sua presença de amor. Sabemos o que é o amor, ainda que não saibamos amar em plenitude. Sabemos que, no dom de todo o nosso ser, brilha a luz que ilumina nosso espírito, a chama que reconforta nossa liberdade, a vida que apazigua nossa ânsia de juventude eterna. Em Deus. Todos os dias.
           Foi o apóstolo Pedro quem nos ensinou esta prece:
           - "Senhor, para quem iremos nós? Só vós tendes as palavras da Vida Eterna".

segunda-feira, 22 de julho de 2013

SEMEAR É VERBO DIVINO



          Quem quer ajudar-me a semear sementes de Confiança?  Há tanta desconfiança, tanta cisma! E a desconfiança perturba, completamente, a visão. Se entro em uma sala, cheio de cisma, tudo interpreto mal: se as pessoas se calarem, fico achando que estavam falando mal de mim; se continuarem a falar, a rir, se eu andar desconfiado, ficarei achando que não ligaram à minha presença, ou estão zombando de mim...
         Ajudem-me a semear sementes de Confiança! Elas fazem uma falta imensa nos lugares de trabalho, nos lares, nos templos, nas Reuniões Internacionais...
        Quem me ajuda a semear sementes de Amor? Há Pais e Mães que, de tanto se chocarem com os filhos, correm o risco de ir caindo no desamor... Há Esposas e Esposos que  se  atritam tanto, que vão ficando dois indiferentes, quando não dois inimigos, morando sob o mesmo teto... Há parentes e vizinhos que brigam por nada... Há as tristes lutas em torno de inventários. Há, em muitos casos, mais do que frieza e falta de amor: há ódio. Há pessoas que se enchem de ódio, de travo, de amargura e que proclamam a impossibilidade de superar o desamor.
        Ajudem-me a semear sementes de Amor. Mas Amor não é semente que possa ser jogada de qualquer maneira. É importante, importantíssimo, preparar o terreno, para que as sementes de amor rebentem, viçosas...
        Quem me ajuda a semear sementes de Alegria? Muita gente não sabe: mas Alegria é virtude, e virtude importantíssima.
        São Francisco de Assis, que deu seu nome ao Papa que agora governa a nossa Igreja, costumava chamar a tristeza de doença do diabo... Claro que só se trata da má tristeza, filha do amor próprio ferido, da inveja, da ira...
        Tristeza que não é de modo algum, condenável, é a tristeza, cheia de esperança, de quem chora Lázaro, mas tem certeza de que ele vai ressuscitar, como nos descreve o Evangelho...
        Ajudem-me a semear sementes da Verdadeira Alegria. Alegria, confiança em Deus, nos homens e nas mulheres. Alegria, superação do egoísmo, compreensão da fraqueza, alargamento da capacidade de compreender e de amar...
        Jardineiros, muito cuidado com as sementes de Confiança, de Amor, de Alegria!...


terça-feira, 16 de julho de 2013

CAMINHAMOS DENTRO DE DEUS


              Sempre considerei que uma das imagens mais impressionantes de Deus é o ar. Deus está em toda parte, em todo lugar, e nós caminhamos dentro dEle. É dentro dEle que nos movemos, nos gesticulamos... Isto, porém, não impede que Deus seja tão discreto, se esconda tanto, se apague de tal maneira, que muitas vezes nem damos pela Sua presença.
             Pois não é também o que acontece com o ar? Nós nos movemos dentro dele, mas nem nos damos ao trabalho de pararmos um instante para avaliar o quanto lhe devemos. Só medimos mesmo o que o ar representa para nós, quando, de repente, ele nos falta. Felizes, nesta hora de aperto, os que têm a chance de apelar para balões ou tendas de oxigênio...
            Nosso Deus ainda é mais discreto que o ar. Sufocamos, parecemos morrer, quando o ar nos falta. Nossa vida se vai se, nessa circunstância, não formos socorridos a tempo.
            Contrariamente a isto, pessoas existem que perdem a Fé em Deus, e no entanto conseguem viver tranquilas, na ilusão de que Deus não lhes faz falta. E esta ausência de Deus em suas vidas não lhes cria nenhuma sufocação, nenhuma angústia de morte para quem dEle se afasta...
            Seria tão bom que, em tempos normais, de plena e perfeita saúde, a gente se acostumasse a pensar, com gratidão, no ar que nos acompanha, nos envolve, nos protege, nos propicia viver. Mas, muito melhor ainda, seria se, pensando no ar, pensássemos em Deus, que nos deu a vida e o ar, na Sua benevolência e infinita bondade.
            Muitas vezes, em visita aos parques - e há dezenas deles em Curitiba - gosto de contemplar os aquários, dentro dos quais os peixes, multicoloridos, mergulham, felizes, indo e vindo, subindo e descendo, e então, contemplando-os, lembro-me de que assim, exatamente assim, vivemos mergulhados em Deus.
            Nos domingos e dias santificados, ao término da Santa Missa, ao ver as pessoas deixando a Igreja, voltando para casa, me vem ao pensamento a intuição de que elas e eu, saindo da Igreja,  não saímos de dentro de Deus.
           Se tal pensamento entrasse, de fato, em nossa vida de cada dia, de cada hora, de cada instante, tenho certeza de que ficaríamos santos. Como ter coragem de pecar, de ofender a Deus, lembrando-nos de que vivemos mergulhados nEle?
           Se estivesse bem vivo em nós que Deus está em nossa frente, atrás de nós, nos lados, dentro de nós - como seria possível encher-nos de ódio? como irritar-nos? como perder a calma? como ser invejosos, ou avarentos, ou vaidosos, ou orgulhosos?
           E que ninguém se encha de temor, se encha de medo com o pensamento da Presença Divina que nos acompanha, nos cobre e nos envolve por todos os lados... Deus não provoca medo. Deus é tão simples, tão bom... Complicados e cheios de nove-horas somos nós, criaturas humanas. Deus é muito mais humano do que todos os homens e mulheres deste mundo...
           Pensando bem, que enorme segurança nos pode dar a certeza de que, em toda parte e sempre, estamos mergulhados em Deus!... De saída, podemos e devemos cortar de nossa vida palavras como "solidão", "sozinho", "só". Na verdade, não estamos sozinhos nunca!
          O que podemos temer, se dia e noite, a toda hora e sempre, está conosco o Criador e Pai de todos os pais, o Senhor do Universo, o nosso Deus!?...




sábado, 13 de julho de 2013

E POR FALAR EM 'INTELIGÊNCIA' FEMININA... (???)


          Escutei esta história faz já algum tempo, e não consigo lembrar-me de quem a tenha contado. Sendo assim, eu a passo para a frente e à minha maneira, pelo preço que me custou...
          Era uma vez um velho avarento que passou toda a sua miserável vida trabalhando que nem doido, e guardando com sofreguidão  todos os tostões que lhe caíam às mãos.
         Sua avareza era de tal modo escandalosa que, passando por uma moléstia mortal, e estando a pique de dar com os burros nágua, disse à sua prendada cara-metade:
        - "Me ouça com atenção, Genoveva: tenho certeza de que desta vez eu vou mesmo, então quero que Você pegue todo o meu rico dinheirinho e o coloque no caixão, junto com o meu cadáver. Faço questão de levar até o último centavo para a minha reencarnação no outro mundo, junto com o diabo... se é que existe mesmo essa desgraça..."
        Fez a cordata mulher prometer que lhe faria a vontade, e ela prometeu, por via das dúvidas.  E alguns dias depois o avarento "bateu as botas", muito contra o seu desejo.
        Os vizinhos e a mulher o colocaram dentro do caixão fúnebre, e todos ali se esforçavam por consolar a viúva, que se mantinha sentada ao lado do caixão, toda vestida de preto, dos pés à cabeça, e ali enxugava as sentidas lágrimas num lenço de seda  também preta, importado do Paraguai e herdado pela família.
        O pastor foi chamado, resmungou as suas rezas, recebeu o seu dízimo atrasado, e antes que o caixão fosse fechado, a mulher disse aos circunstantes:
      - Esperem um momento! - Tinha uma caixa de sapatos com ela. Aproximou-se do caixão e colocou a caixa bem apertada contra o corpo do defunto.
        Um amigo, que conhecia muito bem os costumes da família, disse-lhe com voz quase inaudível:
        - Espero que Você não tenha sido suficientemente doida para colocar toda a dinheirama dele dentro do caixão!
        E a resposta dela:
      - Claro que sim. Eu prometi ao finado que colocaria todo aquele dinheiro junto dele, e foi exatamente o que eu fiz...
      - Você está me dizendo que colocou dentro do caixão todos os reais que ele possuía?
      - Claro que sim! Mas não sou tão burra como Você e os outros machistas pensam. Juntei todo o dinheiro que foi do meu marido, depositei-o na minha conta, e passei-lhe um cheque, para ele descontar no inferno, quando lá chegar...
                                     
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       ...e termino esta história macabra, desejando às mulheres inteligentes uma ótima semana neste julho frio e custoso de passar...
       Tomo ainda a liberdade de lembrar, principalmente à minha esplêndida cara-metade que, no devido tempo, não se esqueça de colocar no meu futuro caixão um bem fornido cheque, mas devidamente nominal!

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quarta-feira, 10 de julho de 2013

VOLTAR AO PAI DE TODOS OS PAIS


          Uma coisa é sumamente importante em nossa vida de cristãos: "voltar ao Pai de todos os pais".  O  Filho veio ao mundo e morreu por nós, ressuscitou ao terceiro dia e subiu para o Pai. Enviou-nos o Espírito Santo para que  nEle e com Ele pudéssemos também voltar ao Pai.
         Sim, para que pudéssemos passar completamente para além da névoa de tudo que é transitório e inconclusivo: "voltar ao Imenso, ao Primordial, à Fonte, ao Inconhecido,  Àquele que ama e conhece, ao Silencioso, ao Misericordioso, ao Santo, Àquele que é tudo";  mensagem do monge cisterciense Thomas Merton, aos cristãos de todos os tempos e lugares. 
         Procurar algo, preocupar-se com algo fora desta procura essencial, é loucura e enfermidade. Pois esta procura é o sentido pleno e o cerne de toda existência humana. E é nisso que todos os negócios de nossa vida e todas as necessidades do mundo tomam seu sentido certo. Tudo aponta para essa única  grande volta à Fonte.
       Toda a meta que não é fim último, todo o "fim da linha", que podemos ver e planejar como "fim"  ou "fins", são simplesmente absurdos, porque estas coisas nem têm início. A "volta" é a volta para além de todos os fins e o início de todos os inícios.
       O "retorno ao Pai" não é um "voltar" no tempo, não é fechar o livro da História, nem reverter seja o que for. É ir adiante, ir além. Pois retroceder pelo mesmo caminho seria vaidade acrescentada à vaidade - renovação do mesmo absurdo em sentido reverso.
      Nosso destino é seguir para além de tudo, deixar tudo, apressar para atingir o Fim e encontrar, no Fim, nosso Princípio, o Princípio sempre novo que não tem fim.
   Obedecer-Lhe no caminho para alcançar Aquele em quem tive início, que é a chave e o fim - simplesmente  Ele é o Princípio.

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        Perdoe-me o eventual e sempre generoso leitor deste meu blog, mas é uma obsessão que me acompanha vinte e quatro horas por dia: a tristeza infinda pela morte prematura de minha filha Raquel, a cuja memória, diariamente, rezo minha prece, na qual procuro consolo e resignação:
  
                                                    Se eu pudesse,
                                                    na hora mais dolorosa
                                                    do sepultamento de minha filha Raquel,
                                                    quando a sua urna funerária
                                                    era colocada túmulo a dentro,
                                                    eu faria
                                                    com que uma revoada de andorinhas
                                                    pairasse sobre os presentes
                                                    lembrando
                                                   a sua ressurreição NA morte
                                                   como é a Fé 
                                                   que me mantém vivo até hoje...
                                                   Oh! como seria bom
                                                   Se eu pudesse!

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domingo, 7 de julho de 2013

CORAÇÕES AO ALTO



          Eu sou católico, apostólico romano, segundo o clichê em voga. Mas não sou fanático, como diz o vocabulário antireligioso na mídia. Faço questão de não perder a Missa nos domingos e dias festivos, conforme o calendário litúrgico vigente no Brasil.
          Vou à Missa todos os domingos e dias assim ditos santificados e, das várias partes da Missa, gosto muito daquele apelo sugestivo: - "Corações ao alto", na introdução do *Prefácio". Palavra agradável de ouvir. E eu lhe pergunto: Você já experimentou ajudar corações a elevar-se até Deus?
           A experiência me diz que há corações cheios de travo, de revolta, de ódio. Ora, tudo isto pesa terrivelmente na vida de quem quer que seja. Como pesa a inveja! Como pesam o orgulho, a soberba e a vaidade...
          Pesa também, e terrivelmente, o coração que perdeu a razão de bater, de pulsar. Dependendo de seu dono, ele já teria parado há bastante tempo...
         Nem sempre o problema é o peso da vida, como se diz comumente.
         O coração avaro se afoga nos cuidados com a profissão, nos cuidados com o dinheiro, com lucros sempre maiores a obter, que economias a realizar, que um terrível emaranhado prende o cidadão a tal ponto de lhe ser impossível arrancar-se para o alto.
         Há corações de pessoas que sobem a dois, ajudando-se e estimulando-se mutuamente...
         Há corações tão vazios, tão sem amor, que flutuam como penas jogadas ao vento: não chegam a subir, porque qualquer sopro os arrasta para longe...
         Você já viu uma esponja, que de tanto apagar um quadro negro na escola (fui professor durante trinta anos) que, de tanto apagar um quadro negro cheio de giz, fica impressionantemente seca?... Há corações assim, me diz a experiência de vida...
         Há corações que viraram uma pedra de gelo; outros, simplesmente uma pedra; outros que se tornaram metálicos, de tanto se preocuparem e lidarem com dinheiro...
         Nossos corações se elevam para o alto facilmente? E os corações em volta de nós?...
         O importante, me parece, é saber como dar asas aos corações, ajudando-os a elevar-se, com mais facilidade e rapidez.
         A oração de todo dia, a prece de manhã, de tarde e de noite, vinda de dentro da alma, alivia o coração, torna-o alado como um pássaro...
        Gestos positivos de autêntico amor ao próximo, feitos como o  Evangelho nos ensina, -  sem que ninguém saiba, nem a mão esquerda o que faz a direita - tornam o coração um pássaro de asas velozes e firmes.
        Corações ao alto! Cada vez que dissermos ou escutarmos estas palavras, lembremo-nos dos que andam de corações na fossa, sem ânimo, sem esperanças, sem razão de viver.
        Corações ao alto! Que esta expressão seja, em nossos lábios, uma prece para que todos os corações de todas as criaturas humanas se ergam, se elevem para Deus, nosso Criador e Pai de todos os pais1
              
      

    
        

quinta-feira, 4 de julho de 2013

O ITINERÁRIO DA FÉ EM JESUS CRISTO

        

          O diálogo da Fé trava-se entre Deus e o homem e a mulher.
         Homem e mulher devem reconhecer que são seres engendrados,  do contrário barram totalmente o acesso ao sobrenatural. Homem e mulher devem sair do assim dito inferno mundano: devem confessar-se egoístas, mentirosos, aceitar-se como pecadores.
          É por isso mesmo que devem também conjuntamente respeitar a razão e não fazer dela um ídolo, isto é, devem estar abertos para um suplemento de luz, que vem de fora. Homem e mulher devem ser fiéis à Graça de Deus que continuamente os persegue.  
         Paternidade de Deus, salvação de Deus, luz de Deus, Graça de Deus, homem e mulher, na sua vivência de crentes em Deus, estarão no caminho de descobrir estas quatro riquezas se fizerem essa quádrupla confissão. Estas quatro riquezas  encontram-se na pessoa de Jesus Cristo, de que a Igreja é testemunho, livremente, racionalmente e sobrenaturalmente.
       A Fé é racional porque, na Igreja, nosso espírito encontra, ao mesmo tempo, as obscuridades inevitáveis e as claridades suficientes, que dão um sentido ao drama de homem e mulher na peregrinação de seu mundo. Acreditando no testemunho da Igreja, sua inteligência descobre a chave do seu próprio mistério, a solução das suas próprias penumbras no ato de Fé.
          A Fé é livre porque, na Igreja, é o amor de Deus que se oferece por inteiro ao homem e à mulher, e este amor reclama a resposta livre do amor.
         A Fé é sobrenatural porque, na Igreja, é a Graça Divina que nos solicita, nos ilumina. O fato externo da santidade na Igreja, que é o "signo erguido entre as nações", constitui para nós o testemunho de Deus, conforme a feliz tradução do cardeal Dechamps no Concílio do Vaticano.
           
                                                           *******************

      A Igreja é Cristo comunicado no Espírito. Em última análise, o que se deve ver na Fé é o Verbo Encarnado.
         A Fé é livre, racional e sobrenatural, porque não se refere a uma doutrina  impessoal, ou a um código de moral, mas a uma Pessoa que nos chama, nos ensina e nos ama.
      A Fé é racional, porque Jesus é Verdade; é livre, porque Jesus é o Amor encarnado; é sobrenatural, porque Jesus é Deus encarnado.

                                                          *******************

         A Fé cristã é uma penumbra luminosa, porque essa penumbra tem também outro nome, o de Deus, que nunca amou tanto o homem e a mulher como no dia em que se decidiu a revestir a condição humana, na pessoa de Seu Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo!

                                                         ********************

       E, terminando, lembro uma frase que não é minha, mas da nascente Igreja cristã. Como já disse em outro texto, num império pagão que a esmagava por todos os lados, ela testemunhava sua Fé na ressurreição do Filho de Maria. Essa frase é divinamente simples, porque inspirada no espírito de amor: 
         - "VINDE, SENHOR JESUS!"

      




segunda-feira, 1 de julho de 2013

O MISTÉRIO DAS MÃOS


          Hoje, primeiro dia do mês de julho, logo de manhãzinha tomei a resolução de atualizar meu blog, já um tanto quanto fora de órbita. Com as mãos no bolso do paletó por causa do frio, e pensando num tema para desenvolver, de repente me veio a idéia: se estou com as mãos no bolso, tenho que tirá-las para digitar meu texto. E por que não proporcionar  alegria a elas, aquecendo-as com algumas palavras amáveis nesta manhã friorenta de começo de mês, e com a agravante de estarmos em, pleno inverno?
         Pois é, pensando nisto, meu Anjo da Guarda sussurrou-me ao ouvido que eu dedicasse a elas o texto de hoje, colocando-as como personagem central, e é o que me decidi a fazer, dando ao texto que daí brotasse o título de "O mistério das mãos". Espero que o eventual e generoso leitor deste meu modesto blog me perdoe, por falar das mãos alheias, esquecendo-me de minhas próprias e maltratadas mãos...
        Principio, refletindo que as mãos humanas se prestam a muitos gestos e ações que podem ser altamente construtivas, grandes e belas.
        Por exemplo, como vi ontem na Missa dominical na igreja da Paróquia: centenas de mãos postas, acompanhando as preces do sacerdote no altar. E eu pensei de modo especial em mãozinhas inocentes de crianças que a paciente mãe junta, ensinando-as a rezar; como também nas mãos trêmulas de uma velhinha ao meu lado, debulhando seu rosário numa prece silenciosa, pedindo com certeza a Deus proteção para os filhos e netos ausentes...
       Lembrei-me das mãos de cirurgião, que talvez neste momento, cá em Curitiba como também no Paraná e no Brasil inteiro, estão salvando vidas, não raro com extrema habilidade, abrindo e curando cérebros e corações...
        Por que não lembrar das mãos calosas de trabalhadores, quase sempre mal remunerados, como esses que passam seu dia aqui diante de minha casa, consertando falhas no asfalto?
        Mãos ágeis de secretárias de repartições e escritórios, que vencem, por minuto, um número incrível de toques em teclados de computadores...
       Mãos de músicos, que deliciam nossos ouvidos e nos transportam para além do espaço e do tempo...
       Mãos de semeadores: que semeiam sementes que serão nosso alimento, como também sementes de amor, de esperança e de paz.
      Mãos de pintores e de escritores, que fazem de tudo para não trair os sonhos de beleza que povoam os pensamentos e o coração do artista.
      Mãos de profissionais que compõem o jornal que leio diariamente, e que me trazem as boas e as más notícias do dia-a-dia que estamos vivendo. Mãos de técnicos de rádio, de televisão, de cinema, que nos permitem viver, na hora, os grandes acontecimentos de qualquer parte do mundo.
     Mãos que acariciam: mãos de pais e mães, mãos de namorados, mãos de esposos, mãos de todos aqueles que amam e são amados...
      Seria facílimo continuar. Mas é preciso lembrar que as mãos humanas, capazes de tanta grandeza e tanta beleza, sabem também, infelizmente, distribuir sofrimentos, desolações e mortes.
      Há mãos que se fecham, egoístas e avaras. Mãos cheias de ódio, que se crispam contra seu próximo, chegando muitas vezes ao extremo de bater, de ferir, de matar...
      Há mãos que fecham a porta diante de quem, faminto, suplica um pedaço de pão ou uma migalha  de calor humano...
      Há mãos preguiçosas, especialistas em jogar em cima dos outros o trabalho que lhes cabia fazer..
      Há muitas mãos que roubam de ricos e até de pobres... Há mãos que sequestram e violentam pessoas.
    Há mãos que metralham, que atiram bombas arrasadoras de cidades inteiras, bombas que queimam criaturas vivas, bombas que são ameaça permanente de extermínio da vida na Terra.
     Ó meu Senhor Cristo Jesus, em Tua Vida Mortal, usaste Tuas Mãos de modo admirável, pois elas passaram fazendo o Bem! 
      Eu Te peço que faças com que minhas pobres mãos estejam sempre mais a serviço do Bem, da Caridade e do Amor fraterno!
      Que minhas mãos, à imitação humilde das Tuas, sejam semeadoras de Tranquilidade, de Esperança, de Amor e de Paz, entre minha família, meus vizinhos, meus amigos, e principalmente entre aqueles que sofrem humilhações e discriminações neste mundo, tão cheio de desamor e de carência de Deus!