segunda-feira, 14 de abril de 2014

ENVELHECER COMO OS BONS VINHOS...



          Será que nestes meus setenta e oito anos de vida estou envelhecendo como os bons vinhos de minha pequena  adega doméstica?

                                                   Velhos vinhos

                                                   Agora 
                                                   que a velhice avança, inexorável,
                                                   preciso aprender com o vinho
                                                   a melhorar envelhecendo
                                                   e sobretudo
                                                   aprender escapar
                                                   do perigo terrível
                                                   de, envelhecendo,
                                                   virar vinagre


            É tão importante saber envelhecer! Saber descobrir o encanto particular de cada idade. Sem dúvida, há limitações que os setenta e oito anos trazem. Mas feliz quem envelhece como as frutas que amadurecem sem travo, sem amargor...
            Feliz de quem envelhece por fora, conservando-se sempre jovem por dentro: crescendo em compreensão para com tudo e para com todos, caminhando, sempre mais, no amor a Deus e no amor ao próximo.
           Quem conserva acesa a sua chama de vida, quem mantém entusiasmo pelo que faz, quem sente mil e uma razões para viver, pode ter o rosto cheio de rugas e a cabeça toda branca ou sem cabelos, esse, que tem todas as marcas da velhice, é no entanto um jovem!...
           Quem não entende a vida, e não descobre razão para viver, e não vibra, não se empolga com nada, esse pode ter vinte anos, mas já envelheceu!
           Adulto que não entende os jovens, que vive dizendo "no meu tempo não era assim", que vive resmungando e reclamando contra tudo, cava um abismo enorme que o impede de atingir a gente moça.
           Minha bisavó, que me carregou no colo, foi a grande confidente de seus muitos netos e netas, e os aceitava como eles eram, sabendo entender e tolerar suas travessuras.
           Tive a ventura de viver ao tempo do saudoso velhinho  -  o Papa João XXIII  -  e ele, com os seus oitenta e três anos, foi o jovem mais jovem que encontrei na vida...
           Qualquer que seja a nossa idade, é preciso guardar estes pensamentos:
            -  o importante não é viver muito ou viver pouco, mas realizar na vida o plano para o qual Deus nos galardoou com a vida. Dizem que as rosas, a rigor, não vivem mais do que um dia ou dois. Mas vivem plenamente, porque realizam o destino de graça e de beleza que vêm trazer a todos nós...
            - se começarmos a sentir o peso dos anos e a mocidade que se vai, peçamos a Deus, para nós mesmos e para os que se vão tornando também menos jovens, a graça de envelhecer como os bons vinhos envelhecem  -  tornando-se melhores  -  e, muito principalmente, rogando a Deus para que Ele nos dê a graça imensa de, envelhecendo, não azedar, não virar vinagre!...
           
     

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