sábado, 12 de abril de 2014

FAZER TUDO COM ALMA



            Você, meu benévolo e eventual leitor, já experimentou contemplar, de longe, gestos e mover de lábios de pessoas que conversam entre si? Pois então experimente: ver os gestos de longe, ver de longe o mover de lábios, sem possibilidade de penetrar no que lábios e gestos dizem  -   nos dá uma impressão viva do comum dos gestos e do mover de lábios, quase sempre, muito sem sentido e muito vazios, para nós que os contemplamos...
            Bem típico deste vazio são os dois beijos convencionais na face que as pessoas (mulheres principalmente) costumam trocar quando se encontram.
            Beijo vazio, frio, beijo puro protocolo, é beijo prostituído. Porque, verdadeiramente, o beijo autêntico, verdadeiro, é a alma que aflora aos lábios.
            Quanto abraço, quanto aperto de mão vazios, sem sentido, sem sentimento... O abraço ideal deveria envolver, de maneira discreta, implicitamente, uma prece pela união.
            Como seria bom se todo olhar tivesse vida, tivesse alma! É triste ser olhado por um olhar vazio, gelado, sem vida...
             Há olhares que saem de dentro, nascem do coração, chegam até nós transbordantes de afeto e de carinho...
            Você se lembra de crianças que decoraram poesias para recitar, com a recomendação de levar a mão ao peito quando falassem em coração, e de levar a mão à cabeça quando falassem de pensamento?
             Há tanto gesto vazio, sem alma, assim, ao longo da vida! E eu pergunto: por que não fazer tudo com alma, com autenticidade e convicção?
             Se tudo isto é válido mesmo em se tratando dos gestos mais simples, imagine-se como devem ter almas os gestos religiosos, gestos que nos aproximam de Deus!...
             O "Sinal da Cruz", por exemplo, não pode ser feito às pressas, de qualquer maneira, mal acabado, sem dar sequer sinal de Cruz... Sem exagero, é claro, mas com simplicidade, com alma, façamos um vagaroso e amplo sinal da Cruz, cobrindo-nos com a virtude da Cruz que nos salvou e invocando sobre nós e nossos familiares as bênção de Deus Pai, de Deus Filho, de Deus Espírito Santo.
            Se todo e qualquer abraço deve ser dado com vida, com alma e com aquela prece silenciosa pela aproximação entre Homens e Mulheres, imagine-se o que deve ser o abraço de paz trocado na Missa, preparando-nos para a recepção do Corpo, Sangue Alma e Divindade de Cristo, na Comunhão!...
            Atitude litúrgica à qual ainda estamos pouco afeitos, é o silêncio. Precisamos saber viver o silêncio quando a Liturgia da Santa Missa nos convida a nele mergulhar.
            Silêncio exterior é fácil de conseguir: é só fechar os lábios e não falar. Difícil mesmo é o silêncio interior. Dentro de nós ficam rosnando julgamentos do próximo, sentimentos sutis de inveja, reclamações de amor-próprio ferido, projeções de nosso eu...
            Feliz de quem, acostumado a viver os gestos e todas as palavras, vive, de maneira exterior e interiormente, o silêncio.
            Quando nos silenciamos de tudo e de verdade, é então que ouvimos a voz de Deus que nos fala!
         

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