Nesta "sexta-feira santa" se comemora a paixão e a morte de Jesus Cristo, na cruz. Jesus morre no momento em que, no templo de Jerusalém, se imolam os cordeiros destinados à celebração da páscoa judaica. A sua imolação é uma imolação "real", um sacrifício realizado uma vez por todas, porque a vítima "espiritual" tornou inúteis as vítimas materiais.
Outros pormenores completam o quadro: a Jesus não são quebradas as pernas, em conformidade com as prescrições rituais (Ex 12,46). Do Seu lado traspassado pela lança jorra o sangue, com o qual são misteriosamente assinalados os que pertencem ao novo povo, aqueles que Deus salva.
Cristo crucificado é, pois, o "verdadeiro Cordeiro Pascal". Ele é a "nossa Páscoa" imolada. "Verdadeiro", porque é a realidade daquilo que os sacrifícios antigos no templo exprimiam a salvação recebida e esperada, a aliança com Deus e a inserção em Seu desígnio.
Esta descrição não é uma novidade; os profetas, e especialmente Isaías, descrevem o Servo de Javé no momento em que realiza Sua missão de libertar o povo dos pecados e torná-lo agradável a Deus, como um cordeiro inocente, carregado dos delitos do Seu povo, e que, em silêncio, se deixa conduzir ao matadouro. E é de Sua morte, aceita livremente, que provém a justificação "para todos".
O dramático encontro com Pilatos mostra Jesus silencioso, enquanto a autoridade, neste momento a serviço do pecado do mundo que cega o povo, decide Sua morte e O condena.
Não seria completa a compreensão do mistério de Jesus se não contemplássemos também, como o Apocalipse de João, o Cordeiro glorioso, que está diante de Deus com os sinais das Suas chagas, dominador do Mundo e da História. O Cordeiro que se imolou por amor a Seu povo.
Na cruz se iniciaram as núpcias do Cordeiro, que terão sua realização plena nas festas do Céu, como diz o Livro do Apocalipse (19, 7-9).
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