segunda-feira, 26 de maio de 2014
MÁGICOS DO MUNDO INTEIRO, UNI-VOS!
Confesso que, apesar dos meus setenta e oito anos, viro criança, fico de boca aberta, olhos escancarados, quando vou ao circo e vejo um palhaço trabalhando...
Gosto de ver Mágico, rodeado por pessoas no palco, como testemunhas, como fiscais, pedir a cinco, dez ou quinze pessoas, objetos de valor - anéis, relógios, dinheiro - fazendo tudo sumir, enquanto pessoas sobre o auditório e cada dono descobre nos bolsos ou nas próprias mãos o objeto que cedera ao Mágico para a prova...
Lembro-me ainda hoje de um Mágico, na minha infância, que começou o espetáculo, segundo todo mundo, com uma hora de atraso. Alguém do auditório, combinado com ele, protestou contra a demora com que ele chegara. Ele então puxou o próprio relógio, e provou para quem quisesse ver, que não eram nove da noite como o público pensava, mas oito da noite...
Pediu que cada um consultasse o próprio relógio. E não é que todos os relógios do auditório transbordante de gente marcavam vinte horas - oito da noite?
Você, meu benévolo leitor, gosta também de Mágicos? Qual foi a mágica mais impressionante e, ao mesmo tempo, mais bela, de que Você se lembra?
Pois leia cá estes meus versos:
Mágicos do mundo inteiro, uni-vos!
Não vos contenteis
em fazer desaparecer moedas,
transformando-as em pássaros
que sobrevoam a platéia...
Não vos baste
fazer o auditório inteiro descobrir,
nos próprios relógios,
a hora que bem quiserdes...
Não menosprezo os prodígios
com que alucinais a criançada
e impressionais gente grande....
Mas por que não vos unis,
Mágicos do Mundo inteiro,
para um prodígio
que acabe com a violência urbana
e desmoraliza as guerras entre nações?...
Por que não fazeis
com que os canhões
só disparem rosas
e que as bombas
se desfaçam em flores?!...
Nesta hora em que vemos explodirem violências e conflitos em várias partes do Mundo, - mais, incomparavelmente mais do que podem fazer os Mágicos, apelemos para o nosso Deus, Ele que ama a Paz, Ele que quer a Paz, Ele que é a Paz - Salva a Paz, salva a Humanidade das guerras e da destruição de nossas cidades!
Salva a Humanidade, Senhor Deus!
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E, continuando a "reler" o Príncipe dos Poetas de Língua Portuguesa, Camões:
Onde acharei lugar tão apartado
e tão livre em tudo da ventura,
que não digo eu de humana criatura,
mas nem de feras seja frequentado?
Algum bosque medonho e carregado,
ou selva solitária, triste e escura,
sem fonte limpa ou plácida verdura,
enfim, lugar conforme a meu cuidado?
Porque ali, nas entranhas dos penedos,
em vida morto, sepultado em vida,
me queixo copiosa e livremente.
Se, pois, a minha dor é sem medida,
ali triste serei em dias ledos,
e dias tristes me farão contente!...
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