quinta-feira, 24 de julho de 2014

CAMINHANDO PELOS CAMINHOS DE ABRAÃO...



            Ensina-nos a Teologia que Deus teria inúmeras maneiras de distribuir Seus dons.
            Se fosse um tímido, se Se prendesse a julgamentos precipitados e sem base, repartiria Seus dons em doses rigorosamente iguais para todos. Ninguém se poderia queixar: ninguém teria nada a mais, nada a menos. Tudo numerado, etiquetado, registrado...
            Seria indigno da imaginação criadora do Pai de todos os pais. Seria de incrível monotonia, como se todas as criaturas humanas tivessem o mesmo rosto ou todas as flores tivessem a mesma forma, a mesma cor, o mesmo perfume.
            Deus aceita o risco de parecer injusto. Ninguém deixa de receber, pelo menos, o indispensável. Mas há quem receba com largueza estonteante. No caso, eu me refiro às verdadeiras riquezas: às riquezas interiores, espirituais. E neste caso há os ricos de dons divinos, os privilegiados da Graça de Deus: os santos... e os que se põem  a caminho pelas sendas da Salvação.
            Deus muitas vezes nos parece injusto, mas não é. Pede mais de quem recebe mais. Quem recebe mais, recebe em função dos outros. Não é maior, nem melhor: é mais responsável pelo que recebe. Deve servir mais. Deve viver para servir ao seu próximo. É a mensagem do Evangelho.
            Há talvez quem se apresse a dizer, sem muita convicção e sinceridade, que o seu caso é o de quem recebeu - se recebeu, - apenas o essencial.
            O que importa não é pesar, medir, contar os dons recebidos. Não é ter recebido muito ou pouco. Importante é a firme decisão interior de responder ao máximo, e de servir.
            Sabemos que Deus, na Sua Providência, chama alguns. Convida-os a pular no escuro, deixar tudo, partir, caminhar. Prova-os, através de sacrifícios muitas vezes terríveis. Mas os sustenta, os encoraja, os fortalece com a Sua Graça. Dá-lhes a missão arriscada e bela de ser instrumentos  de apelos divinos.
            Encarrega-os de ser presença discreta, mas criativa, na hora decisiva das opções. Deus os faz animadores de caminhadas de outros, a muitos outros. Torna-os sinais de Deus, quando surgem as provações.
            Conta-nos a Bíblia Sagrada que Abraão foi chamado por Deus. E Abraão, ouvindo o chamado de Deus, não vacilou um instante. Tomou seu cajado e partiu. Caminhou. Enfrentou as provações do deserto.
Aprendeu, à própria custa, a despertar irmãos, em nome de Deus. A chamar, a encorajar. A colocar em marcha...
            Judeus, Cristãos e Muçulmanos, conhecem-lhe a história. Como se chamará, dentro das outras grandes religiões, o pai dos crentes, o animador das caminhadas?...
            Abraão recebeu muito? Sim, mas respondeu muito. Respondeu ao máximo. Serviu.
            Você, benévolo leitor, que talvez professe outra crença diferente da minha: por favor, vá traduzindo em sua linguagem o que venho dizendo na minha. Onde eu falo de Deus, quem sabe, talvez Você o traduza por Natureza, ou Evolução, ou Acaso.
             Não importa. Se Você intui, no seu íntimo, o desejo de responder às qualidades que possui; se o egoísmo lhe parece estreito e irrespirável; se experimenta fome e sede de Verdade, de Justiça e de Amor, saiba que pode e deve caminhar na mesma crença que me fortalece e me anima na caminhada. Sem saber e, talvez, sem querer, Você é peregrino em busca da Verdade, como eu também o sou.
             Considere-se meu irmão ou minha irmã. Aceite esta nossa fraternidade. Talvez nós nos entenderemos e poderemos caminhar juntos, e chegar à Fonte de toda a Verdade!

 

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