segunda-feira, 14 de julho de 2014

MEDITAÇÕES Á MODA DE PÍLULAS...



            1 - Aqueles a quem Deus nosso Pai pede a mais perfeita esperança devem olhar de perto seus pecados. Quer isso dizer que devem deixar o Senhor Jesus focalizar Sua luz repentinamente sobre os mais escuros recantos da própria alma - não que eles devam fazer a caça ao que não compreendem.
            Procurar demasiadamente entender aquilo que, precisamente, deveríamos de fato encontrar. Nem é muito certo que tenhamos qualquer obrigação urgente de encontrar o pecado em nós.
            Deveríamos, antes, perguntar:
            Quanto pecado nos é ocultado por Deus, em Sua misericórdia? 
            Mesmo porque Ele o esconde a Seus próprios olhos!

            2 - Eis a nossa glória e nossa esperança: somos o Corpo de Cristo.
            Cristo nos ama e se une a nós, pela Eucaristia, em Sua própria carne. 
            Não nos basta isto?
            Mas, em realidade, não cremos suficientemente nisso.
            Em nossa mediocridade, contentemo-nos! Contentemo-nos!
            Somos o Corpo de Cristo! Nós O encontramos porque ELE nos procurou.
            Deus veio ao mundo para fazer Sua morada em nós, em seres pecadores.
            Nada mais há a procurar; só podemos voltar-nos para Ele inteiramente, ali onde Ele já está presente.
            Aquietar-nos e ver e reconhecer que Ele é Deus.

            3 - Ontem, limpando meu quintal, tive que matar uma grande, luzente aranha preta em seu ninho numa velha casca de árvore apodrecida. Era uma bela aranha, mais bela do que a maioria de outras espécies.
            Achei que faria bem em matá-la, pois me havia sentado, para ler minha Bíblia, logo ao lado da casca onde ela se achava. Minha netinha órfã que mora conosco poderia fazer o mesmo e ser mordida.
            É estranho estar tão perto de algo que nos pode matar e não ser defendido por qualquer tipo de invenção. Como se, em qualquer lugar onde na vida houvesse um problema, alguma máquina tivesse que acudir e, precedendo-nos, providenciar.
            Como se não pudéssemos lidar com as coisas sérias da vida, a não ser por intermédio desses anjos, nossas invenções.
            Como se a vida e a morte nada fossem. Como se toda a realidade estivesse nas invenções colocadas entre nós e o mundo. As invenções que se tornaram nosso mundo...
            Daí, ser necessária certa prudência no uso das máquinas, e não podemos desculpar tanto os meios como os fins maus, invocando o conceito do "sobrenatural".
            O dito frequente de que "a Graça Divina supõe a natureza" tem sido frequentemente mal empregado. No entanto, permanece o fato de que, se nada restar da natureza, não haverá apoio para a Graça; nada haverá para ser santificado e consagrado a Deus.
             E isso não é consagração, mas profanação do templo de nosso ser.

             4 - Me parece que seria fácil e consolador poder dizer a qualquer momento:
             "Isto que estou fazendo é considerado, por qualquer crente, um ato perfeito, como algo que tem valor autêntico e indiscutível aos olhos de Deus".
             Entretanto, teriam a paz e a consolação, sentidas por mim, forçosamente algo a ver com Deus? Não poderia isso, afinal, revelar-se uma ilusão tanto mais enganadora por causa da aparência de segurança? 
             Abandonar-se à autoridade da opinião geral: "Dizem eles que..."
             Mas o que sabem "eles"?
             Como são frágeis nossas consciências..  Fechamos os olhos. Conformamo-nos a "eles". Estamos em paz porque somos o que "eles dizem"  que devemos ser.
             Quando Cristo Nosso Senhor foi pregado na Cruz, "eles" estavam certos de que Ele era blasfemador e rebelde à Lei, e os próprios Apóstolos não tiveram a coragem de opor-se a "eles"...

             5 - Outro dia, lendo um comentário sobre certo trecho bíblico, encontrei a lembrança de um santo bispo que, na hora da morte, retirou os paramentos pontificais e "desceu da cama..."
             Morreu deitado no chão, o que não deixa de ser um ato edificante.
             Mas assalta-me um pormenor, refletindo no fato de estar ele revestido com as vestes pontificais "na cama..."
              Pontífices! Pontífices!
              Somos todos pontífices, fazendo  arengas uns para os outros, agitando nossos báculos e mitras uns para os outros, dogmatizando, ameaçando supostas heresias com anátemas e condenações!

              6 - Recebi dias atrás uma carta oficial carimbada com o slogan: - "O exército brasileiro, chave da paz".
              Exército algum é chave para a paz. Nem o exército brasileiro, nem o exército americano, nem o exército chinês.  Nenhuma "grande potência" possui a chave seja para o que for, a não ser a guerra.
              O poder militar nada tem a ver com a paz.
              Quanto mais as nações constroem a potência militar, tanto mais violam a paz e a destroem.

               7 - Gandhi, certa vez, deixou no ar a seguinte pergunta:
               "Como pode ser humanamente fraternal o homem que pensa possuir a verdade absoluta?"
                Sejamos francos sobre isso: na história secular do Cristianismo surge esta pergunta repetidas vezes. Daí, o problema:
                Deus revelou-Se aos homens em Cristo, mas revelou-Se primeiramente como Amor. A verdade "absoluta", portanto, deve ser abraçada como Amor. Logo, não de maneira a excluir o Amor em certas circunstâncias limitadas.
                Só quem ama de verdade pode estar seguro de se manter em contato com a verdade que é, de fato, demasiadamente absoluta para ser abraçada por nossa mente.
                 Em consequência, se nos apegamos firmemente à verdade do Evangelho, podemos temer perder a verdade não por falta de Amor, não por falta de conhecimento. Neste caso, é humilde e, portanto, sábio.
                 O fato é que "scientia inflat".
                 A ciência incha homem e mulher como um balão, e lhes dá uma plenitude precária, fazendo-os pensar ter em si próprios todas as dimensões de uma verdade cuja totalidade é negada a outros.
                 Homem e mulher então passam a crer que é seu dever, em virtude do conhecimento superior que possuem, punir os que não participam dessa mesma verdade.
                 E eu me pergunto:
                 Como pode "amar" os outros - pensam homem e mulher - senão impondo-lhes a verdade que, sem isso, haveriam de insultar ou negligenciar?
                  Essa é a tentação que nos assalta com muita frequência...

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