terça-feira, 26 de janeiro de 2016

QUEM É CRISTO?




            Se ser cristão é seguir a Jesus, o Cristo, quem é Jesus?
            Feita a pergunta, eu, que pela Graça de Deus, me confesso cristão, só posso responder assim:
       O Cristo não é nenhum outro a não ser o histórico Jesus de Nazaré: nem sacerdote e nem revolucionário político; nem adepto de seita ascética, e nem piedoso moralista, mas provocador em todas as direções.
            Não pertencia à comunidade sacerdotal ou ao movimento fariseu. Havia em Jerusalém um establishment sacerdotal político-religioso ligado aos saduceus, e muitos judeus consideravam Jesus como representante do estamento religioso-eclesiástico.
            Mas: Jesus não foi sacerdote. Era "leigo", manifestamente solteiro e líder de um movimento leigo. Também não era  teólogo profissional: não forjava grandes teorias e sistemas. Pregava a iminente vinda do Reino de Deus, sem aparato científico ou político, com palavras muito simples, em forma de comparações e parábolas.
        E, muito menos, nada tinha de revolucionário político. Existia naquela época um partido revolucionário, composto por zelotes, fanáticos, e muitos ainda hoje O entendem assim.
           Apesar de certos setores da assim dita "Teologia da Libertação" O terem como revolucionário, na verdade Ele não era certamente nenhum revolucionário político ou social. Tivesse Ele efetuado  uma reforma agrária  -  como aconteceu na Revolução de Jerusalém, após Sua morte  -
tivesse Ele mandado queimar os títulos de dívida pública nos arquivos de Jerusalém, ou tivesse organizado uma insurreição contra as forças romanas de ocupação, já teria de há muito caído no esquecimento.
            Mas Ele pregava a não-violência e o amor aos inimigos.
          Não era adepto de seita ascética: existia na Palestina, ao tempo de Jesus, uma vida monacal bem organizada  -  os essênios de Qumran  - e os monges de todas as épocas sempre gostaram de reportar-se a ela para justificar sua forma de vida.
          Mas Jesus, de forma alguma, se retirou do mundo; não se isolou nem mandou quem queria tornar-se perfeito para o grande mosteiro de Qumran, recentemente descoberto junto do Mar Morto. Não fundou nenhuma Ordem com regras, votos, imposições ascéticas, vestes e tradições especiais.
           Não era um piedoso moralista: Havia naquela época um movimento de rearmamento moral: os fariseus. E frequentes vezes viu-se nEle, mais tarde, um "novo legislador".
           Mas Jesus não ensinou nenhuma "nova lei", nenhuma técnica de piedade, e não tinha nenhuma inclinação para a casuística moral ou jurídica e para todas as questões da interpretação de Lei. Ele anunciou uma nova liberdade em face da legalidade farisaica: o amor sem limites ao próximo.
           Portanto, já teríamos compreendido muito sobre Jesus se não O enquadrarmos em coordenadas de revolução, emigração e compromisso político-social. Ele é provocador, mas tanto para a direita como para a esquerda: evidentemente mais perto de Deus do que os sacerdotes do templo. E ao mesmo tempo mais livre com relação ao mundo do que os ascetas. Mais moral do que os moralistas. Mais revolucionário do que os revolucionários.
           E por que Ele não Se deixa enquadrar? Isto está vinculado àquilo que Ele queria. Mas, o que Ele queria, propriamente?
           Tentarei  responder a esta questão no próximo blog...

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