sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

A ÁRVORE SOLITÁRIA


       Pensamentos que me surgiram diante de uma velha árvore na frente de minha casa:
      Como é que tu podes, arvore solitária, dar folhas tão suaves e flores tão alegres e tão belas? Sozinha, ali na beira da calçada, a solidão não te prejudica? A falta de outras árvores amigas não te faz tornar-te uma árvores seca, além de solitária, o que tu já és?
      Ou vais querer dizer-me que tu te bastas a ti mesma e que não precisas de uma árvore amiga, de uma árvore irmã, a conviver contigo da mesma solidão?
      No meu entender, a explicação talvez esteja em que tua solidão é aparente. Tu deitas raízes profundas na terra, o ar das madrugadas te envolve,  os passarinhos  fazem de ti a sua morada, os viajantes procuram a tua sombra, e tu,  dia e noite, contemplas a grande abóboda do céu e sentes a cada instante, sobre ti, o olhar  majestoso de Deus.
      Eu te chamei de árvore solitária, pois estás sozinha, ali na frente da casa onde moro com minha mulher  Cleusa, com minha neta Isabela, e com o nosso cachorro Billy.
      Árvore solitária? Pois o que acontece contigo acontece exatamente o mesmo com milhões de pessoas neste nosso mundo de Deus.  A mesma terra, que carrega milhões e milhões de criaturas, carrega-as também. Elas respiram o mesmo ar respirado pela humanidade inteira e contemplam a mesma luz que traz alegria a recantos numerosos da Terra.
      Mas, acima de tudo, as envolve o mesmo Deus, dentro de Quem as criaturas humanas, como minha esposa, minha neta e eu, nos movemos e existimos...
      Por que então se volta, tão insistente, tão teimosa a tantas criaturas como eu, a impressão de que estamos sozinhos, eu e tu, sob um céu distante e hostil? E esta impressão dolorosa me faz falar com Deus:
      - Pai, que moras conosco e nos envolves por todos os lados com a Tua presença, por que ficas tão apagado, tão silencioso diante de nós e dos nossos problemas do dia a dia?
      - Por que permites a impressão de solidão e abandono que o Teu próprio Filho, Jesus, sentiu na cruz ao exclamar, dolorosamente: - Meu Pai, meu Pai, por que me abandonaste?
      - Meu Senhor Jesus,  Filho de Deus, que Te tornaste meu irmão,  que Te encarnaste tomando corpo humano e alma humana, que experimentaste todos os sofrimentos humanos: a alegria, mas também a tristeza; força e coragem, mas também pavor diante do sofrimento e da morte que se aproximava; a segurança absoluta de ser sempre atendido pelo Pai, e a compreensão misteriosa e esmagadora de clamar pelo Pai sem ser ouvido! Cristo, meu Deus, quero que sejas o alento, a coragem, a companhia para mim e para todos os que, como eu, sentem a solidão.
      - Espírito Santo de Deus: assim como a luz absorve a sombra, que a Tua presença divina faça desaparecer, faça sumir a impressão tremenda de quem, como eu, na minha velhice e nos meus cabelos brancos, se sente abandonado e só!... Como esta pobre árvore, solitária, diante de minha casa!
     

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