- "Deus suficientemente revelado nas Escrituras, para que O encontrem aqueles que verdadeiramente O procuram. Mas Deus suficientemente oculto nas Escrituras, para que não O encontrem aqueles que de coração não O procuram."
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Esta profunda intuição de Pascal constitui o centro de seus "Pensamentos", porque este centro é Cristo, e Cristo é precisamente o Deus ao mesmo tempo revelado e oculto. Pascal compreendeu admiravelmente que a penumbra das Escrituras é a mesma que vela a divindade de Cristo na encarnação e na paixão do Verbo encarnado. Jesus Cristo é a ponte suspensa entre a dor e a questão bíblica, nas palavras do mesmo autor.
A penumbra da Fé é inevitável: todos os mecanismos impassíveis do mundo: nada é mais fácil do que acreditar Deus ausente deles. Apenas,
- Suportando Ele mesmo esses mecanismos impassíveis, inflingindo-Se, em suas inadaptações e injustiças, todos os determinismos da Terra, a paixão, o sofrimento e a morte, antes de no-los impor.
Deus tornou-os transparentes à Sua própria presença. As causas segundas, mediante as quais concordou em ser crucificado, corporalmente na Cruz, espiritualmente nos Evangelhos, são portanto uma penumbra que vela e revela conjuntamente a presença do Deus de amor. É a nuvem luminosa do Antigo Testamento; Deus plantou a Sua tenda entre nós, revesstindo a nossa carne e aparecendo entre os homens. Esta penumbra é Jesus Cristo.
Se Deus se encarnou, é porque não podia ser de outro modo. Se resolveu um dia, por amor, fazer-Se pobre para que nós sejamos ricos, fazer-se homem para que nós nos tornemos participantes de Sua divindade, é porque não podia manifestar-Se de outro modo senão nessa coluna de nuvem, escura durante o dia e luminosa de noite, que guiava Israel em sua viagem através do deserto, para a terra do Reino. A penumbra da Fé é justamente o que nos dá o Deus da Fé.
Penumbra quer dizer misto de claridade e escuridão, claramente. Ela deve conter Deus: há escuridão, visto que Deus se oculta, revestindo as causas segundas, como nos diz a Filosofia. E há também claridades, porque através desse determinismo aparente, Deus Se mostra a nós. Longe da penumbra da Fé ser uma objeção primordial à Fé, é pelo contrário o indício mesmo de que Deus pode estar nela, e que é racional para nós procurá-Lo nela.
O âmago do Cristianismo é o mistério desta humildade de Deus. Em vez de Se manifestar em todo o poder de Sua glória, Deus Se oferece humildemente à Terra. Apresenta-Se sob as roupagens de um homem que Se pode ferir, escarnecer, matar. Oferece-Se sob o véu de textos, que podem ser contestados, mal interpretados, negados, destruídos. Chama-nos pela voz de uma Igreja que é, por sua vez, indefesa, humilde e doce de coração, à imagem de Jesus, seu Esposo, vestida como Davi, com a simples pele de pastor, armada de uma modesta funda e de pedregulhos da torrente...
O Senhor da glória não quis o poder nem o nada, o trovão ou o silêncio do abismo, porque o poder tirânico ou o triste nada são o contrário do amor. O amor quer a doçura humilde e gratuita, não se defende. Oferece a cabeça, de antemão, aos matadores; contudo é mais poderoso que a morte, e torrentes de água não poderiam extinguir o fogo da Sua caridade. O amor quer também a vida, a doce vida, e é o que Ele dá, e não o nada.
O amor de Deus, certamente, é loucura aos olhos de determinada sabedoria humana. Mas ele é racional, de uma sabedoria superior, a de Deus, que é Amor.
Não consiste em amar, a vida mais verdadeira?
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PROLEGÔMENOS:-
Neste domingo, 2 de dezembro, começa o novo ano litúrgico da Igreja Católica, chamado Tempo do Advento e, no caso, Primeiro Domingo do Advento, tempo sagrado em que começamos a esperar o "advento" de Jesus, a Sua chegada entre nós, comemorada no Natal. Isto porque:
Os cristãos de nosso tempo querem pão, pão verdadeiro, que sacie; querem água, água verdadeira que lhes estanque a sede; querem luz, a luz da verdade, que não se apaga. Querem ouvir a Palavra divina, simples, poderosa, indo até à junção do espírito e das medulas.
Essa Palavra de Deus é Jesus Cristo.
É nEle que a Igreja pede que se creia. Em mais ninguém. Porém, com Ele, nEle, no Pai e no Espírito Santo.
Também eu, depois de muitos rodeios, me convenci de que basta pensar nEle, e da imperiosa necessidade que tenho de exclamar, no mais íntimo de minha alma: - Vinde, Senhor Jesus!
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Há uma frase que não é minha, mas da jovem Igreja cristã. Num império pagão que a esmagava por todos os lados, ela testemunhava sua Fé na ressurreição do Filho de Maria. Essa frase é divinamente simples, porque inspirada no espírito de amor, e retrata muito bem a sublime esperança que nos acalenta neste Tempo do Advento: - Vinde, Senhor Jesus!
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Prezado leitor deste despretensioso blog:
Peço-te que o deixes, que abras O Livro, a Bíblia Sagrada. Ela é um espelho onde o próprio Deus se reflete. Se fores descrente, tua descrença é talvez uma crença que se ignora. Talvez tu estejas muito próximo, mas imaginando que estás muito longe. Vê o que disse o grande Orígenes, lá bem longe, quase na origem dos tempos: - Há muitas pessoas que, julgando-se fora da Igreja, estão na realidade dentro dela; e muitos outros, que julgando-se na Igreja, estão fora dela.
Isto porque há os que dizem: Senhor, Senhor! - mas que não entrarão no Reino de Deus!
Leitor incrédulo, deixa este blog, lembrando-te das palavras de Jesus: - Eu vim para salvar o que estava perdido!
Estas alentadoras palavras de Jesus de Nazaré com toda certeza trazem a mim, que estava perdido, como também talvez a ti, uma pletora abundante de esperança, que replenará nosso coração, e o fará pulsar mais depressa, na grande expectativa do Senhor que está para vir.
- Vinde, Senhor Jesus!
Sim, Ele virá com toda certeza, desde que nosso coração e nossa alma estiverem preparados para recebê-Lo.
- Vinde, Senhor Jesus!
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PS:- Se alguém se considera "influenciado pelo diabo", como acabo de ler em um blog, segue-se que, se é influenciado, é porque se deixou influenciar... É, portanto, responsável pelos atos que daí resultarem.
É bom reler o relato das "tentações de Jesus", onde se poderá aprender que é necessário resistir às influências do diabo...( se é que ele existe mesmo). Eu acredito em Deus; longe de mim acreditar em diabo, satanás, belzebu, tinhoso e outros bichos de igual quilate. Somos seres racionais e livres, e estes seres nefastos, se existirem mesmo, só agem em nós se lhes abrimos LIVREMENTE o nosso sacrário interior! E, se o fizermos, seremos responsáveis por tudo o que decorrer desse ato!
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