terça-feira, 22 de setembro de 2015

SOMOS CHAMADOS POR DEUS



               Nos meus tempos de estudante de Teologia, na Pontifícia Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, na Capital paulista, aprendi que Deus possui inúmeras maneiras de distribuir, a homens e mulheres, os Seus dons, Sua Graça santificadora.
            Se Deus fosse um tímido, se se prendesse a julgamentos precipitados e sem base, repartiria Seus dons em doses rigorosamente iguais para todos. Ninguém se poderia queixar: ninguém teria nada a mais, nada a menos. Tudo numerado, etiquetado, registrado, certinho...
            Esta atitude seria indigna da imaginação criadora do Pai de todos os pais. Seria de incrível monotonia, como se todas as criaturas humanas tivessem o mesmo rosto ou todas as flores tivessem a mesma forma, a mesma cor, o mesmo perfume.
            Aprendi também que Deus aceita o risco de parecer injusto. A verdade é que ninguém deixa de receber, de Suas mãos divinas, pelo menos, o indispensável. Mas há quem receba com largueza estonteante. No caso, eu me refiro às verdadeiras riquezas:  às riquezas interiores. E lembro também que existem os ricos de dons divinos, os privilegiados da Graça. Os santos.
            Muitíssimas vezes temos a impressão de que Deus é injusto. Mas Deus não é injusto. Deus pede mais de quem recebe mais. E quem recebe mais, recebe em função dos outros. Não é maior, nem melhor: é mais responsável. Deve servir mais. Viver para servir.
            Há muitas pessoas que se julgam preteridas, esquecidas por Deus, que o seu caso pessoal é o de quem recebeu e, se recebeu, foi apenas o mínimo, o essencial.
            Mas tenho a convicção de que o importante não é pesar, medir, contar os dons recebidos. Não é o caso de ter recebido muito ou pouco. O importante mesmo é a firme decisão interior de responder ao máximo, e de servir aos irmãos.
            Deus, Pai de todos os pais, pensa em todos e, pensando em todos, chama de modo particular, alguns. Parece que os faz pular no escuro, a partir, caminhar. Submete-os  a duras provas, através de sacrifícios terríveis. Mas os sustenta, dá-lhes coragem, ao chamá-los para a missão de serem instrumentos da Vontade Divina. Encarrega-os de ser presença discreta na hora decisiva das opções. Deus os faz animadores das caminhadas de outros, e muitos outros.
       Quem ouve o chamado de Deus e atende a este chamado, torna-se sinal visível da Providência Divina, no serviço e na entrega ao serviço dos irmãos.
              A Bíblia Sagrada traz-nos um exemplo eloquente desta verdade: 
         Abraão foi chamado por Deus. Não vacilou um instante. Partiu. Caminhou. Enfrentou provações dificílimas. Aprendeu, à própria custa, a despertar irmãos, em nome de Deus. A chamar, a encorajar. A pôr em marcha.
           Os Judeus, os Cristãos, os Muçulmanos, conhecem-lhe a história. 
           Abraão recebeu muito? Sim, e respondeu muito. Respondeu ao máximo. Serviu. Por isso é chamado de  "pai dos crentes".
           E nós, que fomos batizados, que recebemos os dons do Espírito Santo, será que respondemos ao chamado de Deus, como o fez Abraão?
           Não é difícil, parece-me relativamente fácil escutar o chamado de Deus, através dos acontecimentos do nosso tempo, do nosso meio, do nosso dia-a-dia. Difícil é não parar em atitudes emotivas de compaixão e de pesar.
           Difícil é arrancar-nos do comodismo; quebrar estruturas interiores (as mais duras e penosas de quebrar). Difícil mesmo é deixar-nos penetrar pela Graça de Deus, decidir-nos a mudar de vida.
           Precisamos converter-nos! Eis aí a questão fundamental.Estamos dispostos a enfrentá-la?

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