Senhor Juiz:
Não culpe ninguém pela minha morte, peço-lhe encarecidamente. O caso é que não tenho outro remédio, a não ser a morte, livremente procurada por mim mesmo. Os motivos, Vossa Excelência os verá em seguida:
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"Tive o supremo desgosto de casar com uma viúva, que tinha uma filha. Se eu tivesse sabido da existência dessa filha, certamente eu não teria casado com a viúva. Mas o destino quis o contrário, e por causa desse ingrato destino, é que me despeço desta vida.
Meu pai, sem culpa pessoal alguma, aumentou meu infortúnio. Ele também era viúvo, e namorou minha enteada, filha da viúva com quem me casei, e acabou casando-se ele com essa enteada.
Com isso, minha esposa tornou-se sogra do meu pai e, por sua vez, minha enteada tornou-se minha mãe, e meu pai, ao mesmo tempo, tornou-se meu genro.
Algum tempo depois minha madrasta, que ao mesmo tempo é minha filha, deu à luz um menino, que é meu irmão e neto de minha esposa, de forma que agora eu me tornei avô do meu irmão.
Com o passar dos meses, minha esposa deu à luz um menino, que era, por sua vez, irmão de minha mãe e neto de minha esposa, e com isso eu sou avô de meu irmão.
Mais tarde minha esposa deu à luz outro menino, que ficou sendo irmão de minha mãe, cunhado de meu pai e tio do meu irmão, pois era filho de minha enteada e de meu pai.
Assim, minha esposa se tornou sogra de sua própria filha, sendo eu o pai de minha própria mãe.
Por outro lado, meu pai e minha esposa são meus filhos; meu pai e seus filhos são meus irmãos; minha esposa é minha avó, já que é mãe de meu pai. Consequentemente, eu sou sogro do meu próprio avô."
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Senhor Juiz:
Despeço-me da vida e do mundo, porque não sei mais quem eu sou...
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