sexta-feira, 22 de abril de 2016

A MAIOR DAS VIRTUDES = A CARIDADE


         Inclino piedosamente meus ouvidos às palavras do Apóstolo Paulo sobre a Caridade de Deus. Para quem não sabe, está lá na Primeira Carta aos Coríntios, capítulo XIII, e eu trago aqui apenas duas linhas, que muito me impressionaram:

         _ "Se eu distribuir meus bens para alimento dos pobres; se entregar meu corpo às chamas, se não tenho Caridade, tudo isto de nada me aproveita".

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          Não há engano, benévolo leitor:
          O Apóstolo disse realmente que de nada lhe serviria distribuir todos os bens para sustento dos pobres se não tivesse ele Caridade. Essa palavra separa claramente a filantropia, a bondade natural de que o mundo tanto se gloria, quanto cansa de se gloriar em outras coisas  -  da verdadeira Caridade, que é o amor do próximo em Deus e por Deus.
           Tudo o que se escreveu e que se escreve até hoje, e mais o que se diz sobre a bondade, perde
precisão, desmancha-se num humanitarismo fácil e otimista, quando esquecemos que essa virtude, a Caridade, é dom de Deus e fonte verdadeira de todo amor.
           O perfume do vinho, que degusto toda semana, não me dessedenta; o cheiro das fornadas frescas do pão caseiro que minha mulher amassa e assa também semanalmente,  não consegue me saciar totalmente.
           O fato é que agora, pela Caridade de Deus, eu sei onde se encontra realmente o pão e o vinho, e sei também que não basta anotar um endereço e pensar nele, à noite, com olhos úmidos de enternecimento.
           Quem ouviu a boa notícia da Fé e a promessa da Esperança, não poderá beber e comer da notícia e da promessa: tem de ir, tem de caminhar, tem de chegar à casa da reconciliação, tem de atravessar a soleira de uma porta. E junto do altar conhecerá que Deus faz ainda maior caso que eu da Palavra, do Pão e do Corpo, e que Ele me entregará tudo, como entregou Seu próprio Filho na Cruz.
            Ousado é o homem, ousada é a mulher, que se aproximam daquela pedra, porto ou recife; ousado é o homem, ousada é a mulher, que pedem tanto e tanto aceitam. Porque é terrível a Caridade de Deus escondida no Seu Corpo que recebo na Eucaristia. Essa Caridade de Deus que desceu até mim, na forma de uma Palavra, escondida num Pão, o clímax da História; e diante dessa Palavra tornada Pão,  tudo o mais é supérfluo e dispensável.
             Lembro-me bem até hoje dos meus tempos de colégio, quando zangar-se com um colega era deixar de lhe falar, até que passasse a eventual mágoa.  Mas também me lembro dos dias da reconciliação e do sabor esquisito das primeiras conversas depois de feitas as pazes. E fazer as pazes, fazer o primeiro gesto, eu hesitava, ou por orgulho, ou por incerteza, por não saber o que responderia o outro, e se de sua parte houvesse recusa, ainda maior do que antes seria o rancor.
            Hoje, com a Graça de Deus e a inspiração do Espírito Santo, nós todos, cristãos participantes do Banquete Sagrado, ousamos, um por um, em fila, em caravana, agora irmãos, ousamos nos aproximar do mistério extraordinário da partilha do Pão e do Vinho, revigorando em nossos corações a Caridade de nosso Deus.

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Aroldo Teixeira de almeida é bacharel em Teologia Dogmática pela Pontifícia Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, da Capital paulista.


            
   
    
          

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