domingo, 24 de março de 2013

OS "POBRES" DE JAVÉ


           A oferta de sacrifícios a Deus entre os judeus antigos, como lemos no Antigo Testamento, parece constituir, como em em todos os povos, a expressão mais significativa  do senso religioso de homem e de mulher. Despojando-se de tudo o que lhes pertence por conquista ou pelo trabalho, homem e mulher reconhecem que tudo pertence a Deus e Lho restitui em agradecimento. E quando uma parte do que foi sacrificada é comida no templo pelos ofertantes, então se estabelece uma comunhão simbólica entre Deus e os comensais, uma participação da mesma vida.
        Na Bíblia, as tradições sacerdotais do Antigo Testamento nos dão a conhecer uma legislação complexa, que poderia facilmente assumir valor autônomo e, portanto, formalista, esquecendo o significado da ação cultual em relação à salvação integral do homem e da mulher.
       Os profetas nos lembram frequentemente que Deus só aceita as ofertas e sacrifícios se são acompanhados de uma atitude interior de humildade, de oferta espiritual de si mesmo, de reconhecimento da própria e radical pobreza e da necessidade de uma libertação que nós sozinhos não podemos obter, mas que podemos invocar e esperar de Deus.
            A pobreza é, pois, o sacrifício espiritual, isto é, a realidade profunda de toda oferta e imolação de animais e de coisas em honra de Deus. Esta é a atitude dos "pobres de Javé", e especialmente do "Servo de Javé", como apresentado pelo profeta Isaías. Este, tanto no sentido individual como no corporativo. Enviado para salvar Seu povo, a humanidade inteira, este Servo de Javé é obrigado a suportar perseguições e ultrajes. Aceita-os, entretanto, com paciência e mansidão, sabendo que Deus o salvará.
          Cumpre Sua missão oferecendo-se a Si mesmo como vítima inocente, para expiar os pecados do povo. Por Sua obediência e amor, Deus O exaltará e glorificará. Com os irmãos, salvos, Ele louvará o Senhor num sacrifício de ação de graças aberto a todos.
           Na encarnação, Jesus fez Sua a pobreza radical de homem e mulher perante Deus. Coerente com esta opção, apoiou-se na palavra do Pai, que nas Escrituras e nos acontecimentos Lhe indica o caminho para cumprir Sua missão, não se subtraindo à condição do homem pecador, ao sofrimento que provém do egoísmo, nem aos limites da natureza humana, entre os quais, antes de tudo, a morte.
        Um homem como todos, um pobre em poder de todos. Assim Ele Se mostra no sucinto e  objetivo relato dos Evangelhos. E nós O vemos como uma vítima da intolerância e da injustiça, um amotinador do povo e, quando muito, um sacrificado pelos seus por um falso cálculo político por parte dos fariseus.
          Mas isto não bastaria para fazer dEle um salvador. O que resgata a Sua morte, o que a transfigura - para Ele e para nós - é o imenso peso de amor com que faz dom da vida, para libertar-nos da violência e do ódio, do fanatismo e do medo, do orgulho e da auto-suficiência. Para tornar-nos - como Ele - disponíveis a Deus e aos outros, capazes de amar e perdoar, de ter confiança e reconstruir, de crer no homem e na mulher, ultrapassando as aparências e as deformações.
     Só assim nossa Igreja oferece hoje em dia o sacrifício espiritual agradável ao Pai, quando, reconhecendo-se pecadora e sempre necessitada de salvação, apresenta a Deus não os próprios méritos e sucessos, mas a lembrança viva de Sua Cabeça crucificada, do Filho bem-amado, de cuja morte e ressurreição recebe luz e força para ser fiel à sua missão.
          E pode fazê-lo com tanto mais verdade, quanto mais houver escolhido não os caminhos do poder, do sucesso e do bem-estar, mas o da coragem para repelir a injustiça e compartilhar plenamente da sorte dos pobres e dos humildes, como parece ser o lema do nosso Papa Francisco, recém-eleito.
         Sob a inspiração e a Graça de Deus, e a chancela de seu pastor visível, o Papa, a Igreja celebra hoje a entrada de Jesus em Jerusalém, a caminho da plenitude de Sua missão redentora da humanidade pelo Seu sacrifício na cruz. Este domingo, chamado "Domingo de Ramos" marca, pela bênção dos ramos em todas as missas do dia,  o início da "Semana Santa", com todas as suas imponentes cerimônias litúrgicas, celebrando a nossa redenção levada a efeito pela paixão e morte de Nosso Senhor Jesus Cristo, na sexta-feira, culminando com a Sua gloriosa ressurreição no assim dito Domingo da Páscoa.
      É uma semana de grande importância para todas as comunidades cristãs, notadamente para os católicos, que nas suas igrejas se reúnem para louvar e agradecer a Cristo o sacrifício de Sua vida, entregue por amor a Deus Pai, em benefício da redenção de toda a humanidade.
  

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                                                    Se eu pudesse
                                                    na hora mais dolorosa
                                                    do sepultamento de minha filha Raquel
                                                    quando a sua urna funerária
                                                    era colocada túmulo a dentro
                                                    eu faria com que voasse 
                                                    sobre os presentes
                                                    uma revoada de andorinhas
                                                    lembrando a sua ressurreição NA morte
                                                    como é a Fé
                                                    que me anima e me mantém vivo até hoje
                                                    Oh! como seria bom
                                                    Se eu pudesse!...

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