sábado, 2 de março de 2013

AS SEMENTES DO REINO NO MEIO DO POVO


          Jesus de Nazaré anuncia o Reino para todos. Não exclui ninguém. Mas o anuncia a partir dos excluídos, dos marginalizados pela sociedade. Ele recebe como irmãos e irmãs todos aqueles a quem o governo local e a religião desprezavam e excluíam: mulheres, crianças e doentes; prostitutas e pecadores; pagãos e samaritanos; leprosos e possessos; publicanos e soldados do colonizador romano; os pobres, o povo da terra sem poder.
             Assim, aos poucos, a pregação por assim dizer revolucionária de Jesus,  tendo por lema a vinda do Reino, a semente deste Reino crescia e desabrochava em novas formas de vida comunitária, para todos aqueles que a recebiam e acolhiam  com coração sincero.
             Esta ação de Jesus a partir e em favor dos excluídos não era uma ação isolada só dEle. Havia muita gente que não concordava com a exclusão e que vinha resistindo desde muito tempo. Jesus se insere neste movimento de resistência popular e lhe dá continuidade e orientação. Um palpitante exemplo desta Sua atitude é a Sua maneira de tratar e acolher a mulher.
        Na época do Novo Testamento, a marginalização da mulher, que intuímos de uma leitura atenta dos Evangelhos, era um dos fatores principais a causar a exclusão dos pequenos. A mulher vivia marginalizada pelo simples fato de ser mulher. Na sinagoga ela não participava; na vida pública não podia ser arrolada como testemunha. A verdade, porém, é que muitas mulheres não aceitavam a exclusão, e resistiam a ela.
          Já desde os tempos de Esdras, no período depois do exílio, quando a marginalização da mulher era mais pesada, sua resistência vai crescendo, como transparece nas estórias de Judite, Ester, Rute, Noemi, Suzana, da sulamita e outras. Esta resistência encontrou eco e acolhida por parte de Jesus. Os Evangelhos nos trazem alguns episódios em que transparecem o inconformismo e a resistência das mulheres no dia-a-dia de sua vida e o acolhimento que Jesus lhes dava. 
           A mulher que era tida como prostituta tem coragem de desafiar as normas da sociedade e da religião. Ela entra na casa de um fariseu para encontrar-se com Jesus. Encontrando-O, encontra também amor e perdão, e recebe defesa contra as alegações do fariseu. A mulher encurvada não se importa com os gritos do dirigente da sinagoga. Busca a cura, mesmo em dia de sábado.  Jesus a acolhe como filha e a defende contra o dirigente da sinagoga.
         Noutro episódio narrado por Marcos, a mulher considerada impura por causa do fluxo de sangue tem a coragem de meter-se no meio da multidão e de pensar exatamente o contrário da doutrina oficial. A doutrina, tirada do Antigo Testamento, dizia: - "Se eu tocar nEle, Ele ficará impuro." No seu íntimo, porém, ela dizia: - "Se eu tocar nEle, ficarei curada."
         Ela é acolhida sem censura e curada. Jesus declara que a cura é fruto da Fé. A samaritana, desprezada pela religiosidade oficial como herética, tem a ousadia de interpelar Jesus e de mudar o rumo da conversa por Ele iniciada. Ela é a primeira a receber o segredo de que Jesus é o Messias.
           A mulher estrangeira da região de Tiro e Sidônia não aceita a sua exclusão e sabe argumentar de tal maneira, que consegue mudar a atitude de Jesus e ser atendida por Ele. As mães com filhos pequenos enfrentam os discípulos e são acolhidas e abençoadas por Jesus.
         As mulheres, que desafiaram o poder militar e ficaram perto da cruz de Jesus, foram as primeiras a experimentar a presença de Jesus ressuscitado. Entre elas estava Maria Madalena, considerada pecadora, mas curada por Jesus. Ela recebeu a ordem  de transmitir a Boa Nova da ressurreição aos apóstolos, conforme o evangelista João.
         Oxalá nos dias de hoje, com a eleição do novo Papa, que acontecerá nos próximos dias, a Igreja deixe de lado aquilo que ela chama de tradição, e passe a acolher a mulher também no ministério sacerdotal, porque a sua atual exclusão vai contra os exemplos de acolhimento dado a elas por Jesus.
          Se o Papa Bento XVI, renunciando ao pontificado e pedindo ao sair, reformas na Igreja,  eu creio que o seu apelo deveria ser ouvido pela Hierarquia, e que se parta efetivamente em direção às muitas reformas de que a Igreja necessita e que a comunidade católica espera, sem mais demora.

                                                      
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                                                        - "Se eu pudesse,
                                                           na hora mais dolorosa
                                                           do sepultamento de minha filha Raquel,
                                                           quando a sua urna funerária
                                                           era colocada túmulo a dentro
                                                           eu faria com que voasse sobre os presentes
                                                           uma revoada de andorinhas
                                                           lembrando a sua ressurreição NA morte
                                                           que é a Fé
                                                           que me mantém vivo até hoje...
                                                           Oh! como seria bom
                                                           Se eu pudesse!...

                                                        *************************************
































       

E

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