77 anos bem vividos, mas problemas de visão sempre me atanazando, principalmente nas minhas leituras, já que sou leitor fanático, tendo escolhido os livros como meus companheiros constantes no dia-a-dia de minha vida de velhote aposentado.
É verdade que conto com a assistência de um ótimo oftalmologista, o doutor Ezequiel Portela, cujo consultório já se acostumou com as minhas visitas constantes. Diante de meus problemas, o doutor Portela me prescreveu na última consulta o uso permanente de óculos bifocais.
Sabe Você, eventual e generoso leitor deste meu blog, o que são óculos bifocais?
São óculos que, na metade das lentes, a de baixo, permitem ver perto e, na outra metade, a de cima, permitem ver longe. Nem todos se acostumam com os bifocais. Mesmo quem acaba se acostumando, como é o meu caso, é obrigado a passar por uma fase de aprendizagem.
Se a necessidade de usar óculos bifocais para muitos é uma espécie de mal, para mim considero um ganho possuir olhos bifocais. Olhos que me permitem ver perto e ver longe.
Olhos que vejam o que me rodeia - os irmãos que encontro no caminho; o meu dia-a-dia, como já disse linhas acima, de velhote aposentado, cujo único passatempo é ler e cuidar da neta adolescente, a Isabela; contemplar a Natureza criada pelo Pai de todos os pais; todo o complemento de trabalho, que vem do Homem e da Mulher, escolhidos por Deus para ajudá-Lo a dominar a Natureza e completar a obra da Criação...
Olhos que me permitem a Graça enorme de ver para além do tempo, a Eternidade, que começa aqui e agora. Olhos que vejam, para além do visível, o invisível. Por exemplo, Deus, dentro de Quem eu vivo, nEle continuamente mergulhado...
Quando digo ver o invisível, isto não quer dizer que vejo a Deus como eu vejo minha mão digitando este texto, ou aquela jovem que passa ali na calçada, ou aquela árvore defronte de minha janela.
Ver o invisível, no meu conceito, consiste em lembrar-me dEle, em contar com Ele, como se O visse com os meus olhos. A verdade é que a gente pode ver pelo pensamento e sobretudo pelo coração.
O coração me permite ter olhos não apenas bifocais. O coração me consente que eu tenha olhos multifocais. A rigor, posso contemplar o passado, o presente e o futuro.
Posso ou não contemplar a Criação desde o início do Mundo? O surgimento das águas, a formação dos oceanos, o aparecimento dos peixes em nossos rios. O surgimento da Terra, a eclosão das plantas, com suas flores e seus frutos benfazejos. O surgimento das aves e dos animais. O surgimento especial, e por assim dizer, milagroso, do Homem e da Mulher, que chegam meio tontos com tanto poder e tanta responsabilidade que Deus colocou em suas mãos.
O coração me permite possuir olhos que divisem o que se passa na Terra inteira... O que se passa de acontecimentos felizes ou de calamidades em toda a extensão da Terra, ajudado pela TV, pelo rádio, pela imprensa... Meus olhos, iluminados pelo coração, completam, aprofundam, abrangem, assimilam...
Meu coração permite que meus olhos divisem o que se passa pelo espaço afora, para além, muito além da Terra, para os mundos interplanetários... Vejo e testemunho isto, sobretudo por ocasião dos já frequentes vôos espaciais, que sigo a distância...
E muitíssimo mais: meu coração, iluminado pela Fé, me permite entrever a Eternidade feliz na Casa do Pai de todos os pais, que um dia será também minha Morada!
Se Você, amável leitor, quando ou se for obrigado a usar óculos bifocais, lembre-se de que Deus, na Sua bondade e previdência, nunca Se esquece de nos dar olhos multifocais!...
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