Outro dia jornal de "peso" cá da província trouxe um texto sobre o título acima que, entretanto, não me agradou, porque tenho outro entendimento sobre o que é educação, e principalmente o que seria uma educação realmente libertadora.
Salvo engano meu, uma educação para ser libertadora não pode prescindir, entre outras, das seguintes verdades que considero realmente salvadoras:
- todo homem, toda mulher, devem considerar-se responsáveis pelo maior bem da humanidade - por todas as suas ações ou omissões;
- para as religiões de fundo judaico-cristãs, o seu fundamento básico está contido já nas páginas iniciais da Bíblia: Deus criou homem e mulher à Sua imagem e semelhança;
- o individualismo, tão arraigado em nossa sociedade, gera o egoísmo, que considero raiz de todos os males sociais;
- creio que é urgente solidarizar profundamente o ter e o ser; longe de qualquer exclusão, os dois se completam e um não deve sobreviver sem o outro;
- para mim, o mal não é ter. Seria faltar à verdade e, portanto, escravizar, temer a imaginação criadora de homem e de mulher e o que se prevê para o futuro, seja próximo ou remoto. É preciso que o progresso procurado não esteja a serviço de grupos restritos e privilegiados, mas a serviço da humanidade inteira;
- nem miséria que avilte homem e mulher, nem excesso de riqueza e conforto que desumanize quem o possui egoisticamente.
Dentro destes parâmetros, a educação estará falhando se estiver contaminada por resquícios de mentalidade de esquerda ou de direita;
- a violência deve sempre ser combatida e superada. Para isto, é necessária a coragem de ir à fonte de todas as violências, ponto fim às injustiças que existem em toda parte, notadamente aquela injustiça que chamamos de injustiça social;
- o escândalo que clama aos céus é a marginalização social que afasta dos benefícios e serviços, da criatividade e das decisões vitais da sociedade mais de dois terços de seres humanos;
lembrar sempre que a juventude tem um papel ímpar nos dias atuais; é preciso ter coragem de acreditar nos jovens, de dialogar com eles, de estarmos abertos às exigências apresentadas por eles em nome da autenticidade e da justiça e, com isso, conquistando força para exigir, também deles, respeito à justiça e à autenticidade;
- é urgente uma revisão, em profundidade, daquilo que se denomina ateísmo; crer em Deus não é transformar homem e mulher em escravos. De qualquer modo, uma educação libertadora não pode prescindir da colaboração de ateus cujo humanismo signifique amor efetivo a outros homens e mulheres;
- constitui fecundo sinal dos tempos as diferentes religiões se unindo para viver e fazer viver o amor ao próximo, como maneira ideal de também amar a Deus;
- é vital que todos se unam para denunciar e superar o medo; tanto o medo dos que se julgam irremediavelmente injustiçados porque não têm; como o medo dos que têm e se apavoram com o perigo de perder os próprios bens;
- na base de toda educação verdadeira está o respeito real à pessoa humana: no lar, que esposo e esposa devem crescer simultaneamente; que cada filho tem medida própria e possui uma mensagem singular, se se realiza como criatura humana; de todos os que detêm qualquer tipo de autoridade, para que governem como quem serve, e todos os que devem obedecer à autoridade, que obedeçam, sem sombras de subserviência;
- Educação Libertadora de quê? Do egoísmo que leva ao orgulho e faz homem e mulher terem a audácia de imaginar que podem prescindir de Deus ou, o que é trágico, tomar-Lhe, simplesmente o lugar. Educação libertadora que livra homem e mulher de se fecharem em si mesmos, criando infelicidade, tensões, divisões, separações e conflitos nos lares, nas escolas, nos sindicatos, nos clubes, nos partidos políticos, no próprio mundo religioso.
Isto é mais ou menos o que entendo por educação libertadora, mas estou sempre aberto a outros questionamentos a respeito. Nos meus trinta anos de magistério público estadual, em escolas de Barbosa Ferraz, PR, este conjunto de verdades foi o meu guia e inspiração no trabalho do dia-a-dia em sala de aula.
Isto é mais ou menos o que entendo por educação libertadora, mas estou sempre aberto a outros questionamentos a respeito. Nos meus trinta anos de magistério público estadual, em escolas de Barbosa Ferraz, PR, este conjunto de verdades foi o meu guia e inspiração no trabalho do dia-a-dia em sala de aula.
Nenhum comentário:
Postar um comentário