quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

O PATRIARCA ABRAÃO, SEU DEUS, E OS CRISTÃOS


     Gosto muito de ler e meditar o Antigo Testamento e, principalmente, enfronhar-me na leitura da saga do patriarca Abraão, pois o relacionamento dele com Deus é uma lição inolvidável para todos nós, nestes tempos cheios de conflitos e contradições em que vivemos.
    Refletindo sobre as promessas que ele recebeu de Deus, concluo que o Senhor tem inúmeras maneiras de distribuir seus dons para a humanidade. Se Deus fosse um tímido, se se prendesse a julgamentos precipitados e sem base, com certeza repartiria Seus dons em doses rigorosamente iguais para todos. Ninguém se poderia queixar: ninguém teria nada a mais, ou nada a menos. Tudo numerado, tudo etiquetado e registrado num enorme livro de assentamentos dos dons prometidos e concedidos.
     Confesso que isto seria algo indigno da imaginação criadora do Pai. Seria de incrível monotonia, como se todas as criaturas humanas tivessem o mesmo rosto ou todas as flores tivessem a mesma cor, o mesmo perfume...
    Não me passa pela cabeça que Deus não aceitasse o risco de parecer injusto. Ninguém neste mundo deixa de receber das mãos divinas, pelo menos, o indispensável para uma vida digna. Mas a experiência quotidiana mostra-nos que um número não pequeno de pessoas recebe tais bens com uma largueza estonteante, para não dizer, escandalosa.
     Neste caso, eu me refiro àquelas que considero as verdadeiras riquezas: as riquezas interiores. E mais uma vez volta a experiência a nos informar que há os milionários de dons divinos, os assim ditos privilegiados da Graça.
     Aparentemente, Deus me pareceria injusto. Mas, refletindo com maior profundidade, chego à conclusão de que não é assim, porque Deus pede mais de quem recebe mais. A Bíblia Sagrada está cheia de exemplos deste fato. Quem recebe mais, recebe em função dos outros. Não é maior nem melhor do que os outros: é mais responsável diante de Deus. Deve servir mais ao seu próximo. Viver a serviço do próximo.
      Pensando em todos, Deus escolhe alguns para deles exigir mais. Incita-os a pular no escuro, a partir, a caminhar, sem olhar para trás. Coloca-os à prova, através de sacrifícios terríveis. Chegando mesmo a pedir-lhes a entrega do filho amado. Mas os sustenta, dá-lhes coragem para enfrentarem a missão arriscada de serem instrumentos de convocações divinas. Encarrega-os de ser presença atuante na hora difícil das decisões. Faz deles exemplos e animadores das caminhadas de outros, e muitos outros. Numa palavra: torna-os sinais da presença de Deus, quando surgem as inevitáveis provações.
      É neste ponto que eu me lembro outra vez do patriarca Abraão. Foi chamado e recebeu um mandato de Deus. E Abraão não vacilou sequer por um instante. Recebeu a ordem, acatou-a e partiu. Caminhou pelas estradas de sua terra. Enfrentou provações dificílimas. Aprendeu, às próprias custas, a despertar irmãos, em nome de Deus. A chamá-los, a encorajá-los, a fazê-los caminhar.
    Nós, cristãos católicos, Bíblia à mão, como também os judeus, ou os islamitas, conhecemos todos a História: como se chamará, dentro das diversas religiões, o pai dos crentes, o animador das caminhadas da Fé?
    E aqui eu vejo a impressionante figura do patriarca Abraão. É verdade que ele foi muito agraciado por Deus? É verdade que ele recebeu muito mais do que o comum dos mortais?  Sim, Abraão recebeu muito, mas respondeu ao máximo. Foi fiel aos dons de Deus.
    Peço aos não-cristãos, aos ateus, aos arreligiosos, que não pensem que estejam esquecidos por Deus. Aliás, onde eu falo de Deus, talvez vocês prefiram falar em Natureza, em Evolução, em Modernidade... Isto não tem maior importância. Se vocês, não-cristãos, ateus ou arreligiosos, sentirem no íntimo o desejo de responder positivamente aos dons que, sem saberem, receberam de Deus; se o egoísmo e o desamor lhes parecem estreitos e irrespiráveis;  se experimentam fome de verdade, de justiça e de amor, tenho certeza de que podem e devem caminhar com aqueles que professam a Fé em Jesus Salvador.  
    Sem saber e, talvez, sem querer, Vocês serão sempre, para nós,  cristãos, católicos, nosso irmão ou nossa irmã. Por isso, aceitem nosso apelo e nossa fraternidade: o importante é que nós nos entendamos, dialoguemos, e possamos caminhar juntos para o mesmo destino, para a Casa do Pai de todos os pais!

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                                                  "Se eu pudesse,
                                                  na hora mais dolorosa
                                                  do sepultamento de minha filha Raquel,
                                                  quando a sua urna funerária
                                                  era colocada túmulo a dentro,
                                                  eu faria
                                                  com que uma revoada de andorinhas
                                                  voasse sobre os presentes,
                                                  lembrando
                                                  a sua ressurreição NA morte,
                                                  como é a Fé
                                                  que me mantém vivo até hoje...
                                                  Oh! como seria bom
                                                  Se eu pudesse!..."                                                                                   
      
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