quinta-feira, 25 de abril de 2013

O HEROÍSMO ANÔNIMO


      Neste nosso mundo, que me parece carregado de pecados, sem esquecer os meus, que não são poucos, seria fácil investir contra os que não são de grandes pecados; não são de grandes covardias, mas também, em contrapartida, carecem de grandes coragens.
        Esses, querem viver tranquilamente, em paz consigo mesmos, com os seus e com os outros. Aliás, seria fácil invocar um argumento de autoridade, utilizando uma palavra terrível da Bíblia, quando nela encontramos esta frase: "Deus vomita os tíbios."
         Se é verdade que o cidadão médio não tem vocação para grandes lances de heroísmo, é também verdade que ele, no seu dia-a-dia, vive momentos de heroísmo anõnimo, porque na vida de todos nós é impossível fugir dos sacrifícios normais de todo dia e de cada instante.
          O motorista de táxi, por exemplo, numa cidade turbulenta como Curitiba, que hoje estou conhecendo bem, talvez enfrente a educação de quatro filhos; a esposa costureira, que faz malabarismos diários para completar o minguado salário do marido; a moça que ainda não arrumou casamento, mas cuida, de coração, de sete sobrinhos, filhos de dois irmãos, que precisam trabalhar dez horas por dia para sobreviver.
         Sem os que se sacrificam na sombra, sem os que assumem a labuta inglória do quotidiano, o cinzento do dia-a-dia, poderiam alguns dedicar-se aos de fora, no serviço desinteressado e anônimo em favor da grande família humana?
        Enquanto o cidadão e a cidadã, médios, comem o pão da mesmice de todo dia - mesma casa, mesmas caras, mesmas vozes, mesmos problemas domésticos ou profissionais - outros dedicam-se, é verdade, gastando-se a si próprios, sem medir esforços, sem calcular prejuízos, aceitando sobrecargas, no trabalho por assim dizer anônimo em favor dos mais frágeis e necessitados de ajuda alheia. Estes, muitos ou poucos, em geral são vistos, chamam a atenção, são louvados e postos como exemplo para outros.
      Seria injusto e nada inteligente menosprezar a criatura humana média e os que estão na linha de frente do trabalho comunitário. Neste caso, atitude decisiva seria o reconhecimento - não por habilidade, por diplomacia, por esperteza; mas por justiça e convicção - do heroísmo anônimo de tantos que se entregam, que se doam, em benefício de seu próximo, muitas vezes sem o retorno de sequer um "muito obrigado"!
       Compreendida, vendo sua atitude devidamente valorizada, a criatura média até se alegrará que outros de sua comunidade possam ter vocação diferente e se sentirá feliz em dar sua parcela de colaboração para o bem coletivo, desempenhando um papel de enorme relevância social e, por que não dizer, cristã?

         

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