Um lembrete preliminar para o Carlão, a modo de questionamento:
Se Deus pode evitar o mal e não o faz, então Deus não é bom. Se quer evitar o mal, mas não pode fazê-lo, então não é onipotente. Se quer e pode evitar o mal, mas não o faz, então Deus não nos ama.
(Este é o dilema que uma amiga, com quem me correspondo, me propôs. Como sair dele?)
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Dizia Gandhi, no seu tempo, que cumpre a cada homem e mulher, tementes a Deus, dissociarem-se do mal na mais completa despreocupação pelas consequências. É preciso ter fé no fato de que um ato bom só pode produzir um bom resultado... Segue a verdade, embora segui-la possa pôr em perigo sua vida. Sabe que é melhor morrer no caminha de Deus, do que viver no caminho de Satanás
. Esta é precisamente a atitude que perdemos cá no Ocidente, porque perdemos a perspectiva fundamentalmente religiosa da realidade, do ser e da verdade. Nós no Ocidente sacrificamos a capacidade de aprender e respeitar o que são o homem e a mulher, o que é a verdade, o que é o amor desinteressado, e substituímos tudo isso por uma vaga confusão de noções pragmáticas sobre o que pode ser feito com isto ou aquilo.
E o fazemos, considerando o que é lícito, o que é realizável, como podem as coisas ser empregadas, independentemente de qualquer sentido definido ou finalidade contidos em sua própria natureza, expressando a verdade e o valor dessa natureza.
Só nos preocupa o lado "prático", "eficiente", isto é, os meios, não os fins. Consequentemente, interessam-nos cada vez mais apenas as consequências imediatas. Somos os prisioneiros de tudo o que é urgente. Assim perdemos a tal ponto toda perspectiva e todo sentido dos valores, que não somos mais capazes de avaliar corretamente que resultado terão as consequências até as mais imediatas de nossos atos.
Entretanto, quando se opta pelo bem sem preocupação pelas consequências é, de fato, um paradoxo que as consequências sejam, por fim, boas e que o bem nelas contido há de superar, de muito, o mal possível.
A norma de Gandhi é a norma do Novo Testamento: realizar todas as coisas em nome da verdade, em nome de Cristo, isto é, por amor da verdade nelas contida, que é a manifestação de Cristo. Agir por amor à verdade , "realizando a verdade na Caridade", é agir unicamente pela verdade, sem preocupar-se com as consequências.
Isso não quer dizer que se faça estouvadamente o que pareça ser a verdade sem se importar com um possível desastre, mas sim que se opta pelo que se acredita ser boa escolha e depois se deixa que o bem produza as boas consequências em tempo oportuno.
Em tempos como os nossos, é mais do que nunca necessário ao indivíduo formar-se, ou ser formado, de acordo com normas objetivas do bem, e aprender a distingui-las das normas puramente pragmáticas correntes na sociedade em que vive. Assim, chegará a conhecer a diferença que há entre "os caminhos de Deus e os caminhos de Satanás".
Temos de recobrar nossa Fé íntima, não somente em Deus, mas no bem, na realidade do bem e em seu poder para se manifestar concretamente e nos envolver se soubermos ser atentos, observar, escutar, escolher e obedecer.
Contar com Deus, evidentemente, não significa passividade, Pelo contrário. Liberta homem e mulher para uma atividade nitidamente definida, "a vontade de Deus". Isto, nas palavras de Gandhi, é "ação inteligente de um modo desapegado". Deus quer ver-nos agir por amor a Ele, por amor à verdade, não por preocupação com interesses materiais imediatos. Assim, quer ver-nos agir "desapegadamente".
O desapego não é pura indiferença, mas apenas concentração da ação no sujeito do próprio ato, não nos resultados ou nas consequências. Somos responsáveis apenas por nossa ação, mas devemos assumir inteira responsabilidade por nossos atos. Os resultados virão por si mesmos, então, de um modo que nem sempre poderemos prever.
Temos apenas que julgar se o ato é bom, justo, e se está de acordo com a verdade e o amor, aqui e agora, porque "acreditamos no bem" e estamos, por isso, convencidos de que, sejam quais forem as consequências que sobrevierem, serão certamente boas, benéficas a nós e à sociedade.
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Se eu pudesse
na hora mais dolorosa
de sepultamento de minha filha Raquel
quando a sua urna funerária
era colocada túmulo a dentro
eu faria com que
uma revoada de andorinhas
pairasse sobre os presentes
testemunhando
a sua ressurreição NA morte
como é a Fé
que me anima e me mantém vivo
até hoje
Oh! como seria bom
Se eu pudesse!...
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Se eu pudesse
na hora mais dolorosa
de sepultamento de minha filha Raquel
quando a sua urna funerária
era colocada túmulo a dentro
eu faria com que
uma revoada de andorinhas
pairasse sobre os presentes
testemunhando
a sua ressurreição NA morte
como é a Fé
que me anima e me mantém vivo
até hoje
Oh! como seria bom
Se eu pudesse!...
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