terça-feira, 31 de dezembro de 2013

REFLEXÕES AO PÉ DO FOGO


          "Reflexões ao pé do fogo" é o novo livro que estou preparando, e que deve vir à luz até meados do novo ano que se inicia.
           São vinhetas breves, retratando momentos de minha vida ao sabor das circunstâncias, ao mesmo tempo em que rememoro fatos de antanho, que me deixaram  marcas profundas e que até hoje condicionam muita coisa que penso e que executo, nem sempre correspondendo integralmente com a vida de cristão católico que eu deveria viver, mas que infelizmente não vivo.
            Em todo caso, quero trazer a público tais experiências que informararm os meus setenta e oito anos de existência,  simplesmente com a finalidade de massagear meu amor próprio e levar até meus netos alguma coisa que os faça conhecer um pouco mais da jornada de seu carcomido avô pelos caminhos da vida.

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            A meditação que fiz hoje, ao levantar-me às seis horas da manhã, sozinho há quatro dias em casa, já que minha esposa e neta se encontram em merecidas férias no litoral do Estado:
            "Aqueles ou aquele (no meu caso) a quem Deus pede a mais perfeita esperança têm a obrigação de olhar mais de perto os seus pecados. Quero significar com isto que devo deixar o Senhor focalizar Sua luz e Sua Graça sobre os mais escuros recantos de minha alma pecadora."- palavras do monge cisterciense norte-americano, Thomas Merton.
            Minha responsabilidade perante meus próprios pecados é muito grande, e não tenho o mínimo direito de minimizá-los ou de tentar escondê-los debaixo do tapete. Fui criado numa família muito religiosa, tive uma irmã, Darcy, que foi freira franciscana, e meu irmão Valdir, e eu mesmo, passamos muitos anos estudando em seminários, mas nem ele nem eu conseguimos chegar ao sacerdócio, como pretendíamos (ou nossos pais pretendiam?). Meu irmão, porque faleceu prematuramente vitimado pelo câncer, e eu, não sei se por desígnio de Deus ou por malícia humana, fui acusado de comunista, e os superiores do seminário, por via das dúvidas, vetaram minha ordenação ao presbiterato.
            Neste início de ano e às vésperas de nova idade - setenta e oito anos - não me é lícito procurar demasiadamente esconder aquilo que eu, deveria de fato encontrar. Nem considero certo, neste momento, que eu tenha qualquer obrigação urgente de "encontrar" mais pecados em mim. Não certamente pelo temor de que eles me levem ao inferno, ou pelo menos, ao Purgatório, entidade esta em que eu, como católico, acredito, mas que é considerada lenda por muitos crentes que não acham para ele fundamentos na Bíblia Sagrada.
            Na verdade, não posso calcular quantos pecados me são ocultados por Deus, não por eventuais "boas obras" minhas, mas pela infinita misericórdia de Deus. Mesmo porque Ele os esconde a Seus próprios olhos!
            Apesar de tudo, tenho uma glória e uma esperança: sou parcela do Corpo de Cristo, a Igreja, e Cristo me ama e se une a mim em Sua própria carne. Será que não me basta isso? A realidade dolorosa, entretanto,  é que não vivo suficientemente, no meu dia-a-dia, esta verdade que pode salvar-me.
            Não! Que eu me contente com isso! - sussurra-me aos ouvidos algo ou alguém que não consigo identificar. - Basta-me a mediocridade de todo dia! - Continua a sussurrar-me a tentação.
            Apesar de tudo, tenho muito que agradecer a Deus, e  isto, repito, é a minha glória. Faço parte do Corpo de Cristo! Eu O encontrei porque Ele me procurou primeiro. Ele, Cristo, Filho Unigênito de Deus, veio ao mundo para fazer sua morada em mim, um pobre e obscuro pecador.
            Por essa razão nada mais tenho que procurar. Só posso voltar-me para Ele, ali onde Ele já está presente. Na Sua presença, devo aquietar-me, deixar minhas vãs preocupações de lado.
            Aquietar-me,  ver e crer que Ele é Deus!

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(O autor é bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, na Capital Paulista).

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profatalmeida@gmail.com

Um comentário:

  1. Olá querido mestre, fico triste em saber que não esta curtindo as férias junto com seus amigos e família,mas, agradeço todas as leituras que faça, escritas com verdade e emoção...é o que passa para mim.
    Deus o abençoe, todos os dias de sua vida.
    OBS. ser a primeira comprar seu futuro livro.
    FELIZ ANO NOVO, que neste ano, nada, nada mesmo possa entristecê-lo .

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