sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

O PESO TERRÍVEL DA SOLIDÃO




        Uma "espécie" de poema, como epígrafe para o texto a seguir:

                         Em plena madrugada o vento me inspira um canto triste - não de serenata! não de um bêbado que passa! não de um louco exaltado pela Lua cheia!
                         Parece um canto de quem se sentiu forçado a cantar para povoar a própria solidão!
                   Mas, para que gravar a canção inesperada, se ela me acompanhará para sempre, e sempre voltará à tona e se acenderá em mim cada vez que nas minhas manhãs eu conseguir rezar pelos insones e solitários como eu?


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           Após este exórdio, caro leitor, Você já parou para pensar que, às vezes, a gente assovia ou canta para ter a impressão de companhia?...  
            Estou sozinho em casa, mais de uma semana. Esposa, filho e neta descansam e veraneiam no litoral e, talvez pelo peso de meus 78 anos, sinto enormemente a impressão de solidão.
          Religioso que sou, aproveito muitos momentos para rezar, para uma prece que sai do profundo do meu coração e dirigida ao Pai de todos os pais:

          É terrível, Senhor, a impressão de solidão.
          Encorajai os que guardam a impressão de que estão sobrando. Que já quase não dão nada. Não fazem nada, só servem para atrapalhar os que lhe estão próximos.
          Encorajai a gente moça que está descobrindo - ao contrário de mim - muita razão para viver. Gente moça que não está aceitando um Mundo que só pensa em dinheiro, com a crença de que o dinheiro resolve todos os problemas do mundo.
          Gente moça que não tolera injustiça institucionalizada, e que está se convencendo cada vez mais de que, na situação atual do País e do Mundo, de que é sonho, puro sonho, um País e um Mundo sem oprimidos e sem opressores.
          Gente moça, mas velha por dentro, e que cai na indiferença, no cinismo, chegando por vezes ao aniquilamento das bebidas e das drogas.
          Encorajai, Senhor, os casais que, morando na mesma casa, não se encontram: são linhas paralelas, próximas, mas sem possibilidade de encontro.
          Sabeis, Pai de todos os pais, como a tendência é cada um jogar a culpa toda no outro. (Talvez nem seja o caso de falar em culpa. O que quase sempre houve e há é a falta de cuidados em alimentar o Amor).
          É terrível a impressão de solidão, sobretudo quando se trata de pessoas que têm como missão semear Esperança, Amor e Paz.
         Sei perfeitamente que eu, como também muitíssimas pessoas, não podemos perder a Esperança. Se a Esperança se apagar dentro de nós, que será de dezenas, de centenas e de milhares de muitas outras pessoas que vêm beber Esperança numa fonte que não deve secar?...
          Escuta, Pai de todos os pais:
       Tu és todo-poderoso e onisciente: sabeis como ninguém que nossas pobres fontes humanas secam, se esgotam com a maior facilidade. Só mesmo apelando para as fontes de  Água Viva, de que falou Vosso Filho e Nosso Irmão, Jesus Cristo. Somente Vossas fontes de Água Viva não secam nunca. Porque são perenes e jorram sempre para a Vida Eterna!

                                                                 *******************

O autor é bacharel em Teologia Sistemática pela Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, de São Paulo.
Tem dois livros publicados: "Capitu" e "Páginas Esparsas"
profatalmeida@gmail.com
       
    

                      

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