sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

FAZER TUDO COM ALMA!...



          Pode não ser uma atitude muito correta de minha parte, mas de vez em quando cismo de contemplar, de longe, os gestos e mover de lábios de pessoas que conversam entre si. Ver os gestos de longe. Ver, de longe, o mover de lábios, sem possibilidade de penetrar no que lábios e gestos dizem,  me dá uma impressão viva do comum dos gestos e do mover de lábios, quase sempre muito sem sentido e muito vazios...
          Bem típico deste vazio, na minha modesta opinião, me parecem ser os dois beijos convencionais na face que senhoras e senhoritas costumam trocar quando se encontram.
          Beijo vazio, frio, protocolar é beijo prostituído. O beijo, de verdade, é aquele em que a alma aflora aos lábios...
          Quanto abraço, quanto aperto de mão vazios, sem sentido!... O abraço ideal deveria envolver, de maneira discreta, implicitamente, uma prece pela união.
          Como seria bom que todo olhar tivesse vida, tivesse alma! É triste ser olhado por um olhar vazio, sem vida, gelado... Há olhares que vêm de dentro, nascem do coração, chegam transbordantes de afeto e de carinho...
           Lembro-me do tempo em que fui professor em Barbosa Ferraz, cidadezinha do interior paranaense quando, nas festas escolares, patrióticas ou  comemorações locais, alunos escolhidos a dedo pelos professores declamavam poesias, sempre com a recomendação de levar a mão ao peito quando falassem em coração, e de levar a mão à cabeça quando falassem em pensamento... Não acontecia o mesmo no seu tempo de escola??
          A verdade é que, entre tantos gestos carregados de conteúdos que nos enobrecem, há também gestos vazios, ao longo de nossa vida! Por que tantos gestos nossos não são feitos com alma?
          Se tudo isso é válido mesmo em se tratando dos gestos mais simples, imagine Você como devem ter alma os gestos nascidos dentro da prática religiosa!...
          O "Sinal da Cruz", por exemplo, não pode ser feito às pressas, mal acabado, sem dar sequer idéia de Cruz.. Sem exagero, com simplicidade, mas com alma, é que procuro fazer um vagaroso e amplo "Sinal da Cruz",  para cobrir-me com a virtude da Cruz que me salvou, e invocando ao mesmo tempo as bênçãos do Deus Pai de todos os pais, de Seu Filho Jesus Cristo, do Deus Espírito Santo.
          Se todo e qualquer abraço deve ser dado com vida, com alma e com aquela prece silenciosa pela aproximação entre Mulheres e Homens, imaginemos Você e eu o que deve ser o abraço de paz trocado na Santa Missa, em preparação à recepção do Corpo e do Sangue de Cristo, sacramentalmente presente no pão e no vinho consagrados pelo Celebrante!...
          Uma atitude litúrgica  que me parece ainda sendo  pouco observada é o silêncio. É verdade que é muito bom que o povo católico reze comunitariamente em voz alta, cante, quando for o costume. Entendo, porém, que é preciso saber viver o silêncio quando a Liturgia nos convida a nele mergulhar.
          Feliz de quem acostumado a viver os gestos e todas as palavras, vive - exterior e interiormente - o silêncio. Quando silenciamos de todo e de verdade, quando nos convida a Liturgia, é porque nessa hora é Deus que nos fala!
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