Através deste blog venho prestar uma homenagem a todas as mulheres que, de um modo ou de outro, seja lendo, seja comentando ou criticando os meus textos aqui publicados, participam desta página, que é dedicada a todas as pessoas de boa vontade: Danny, Rosana, Lidiane, Leonor, Malu, Márcia, Zulmira, Renata, Dilma, Ana Cláudia, Geórgia, Kaoma, Maria Mariah, Jaque, Kátia, Daiane, Mônica, Amanda, Susy, Juliana, Bernadete, e os blogs Borboletas e Blogmania. Se esqueci alguém, que me perdoe. Para esta homenagem a essas ilustres mulheres, tomo como ponto de partida a singela história também de uma mulher, cuja vida vem narrada em poucas linhas nas páginas sagradas da Bíblia.
Esta mulher foi predestinada por Deus a receber o maior de todos os dons possível a um ser humano receber neste mundo. Ela foi a única a recebê-lo, e antes dela, nem depois, nenhum outro ser humano creio que poderá ser favorecido com tal dom: o de colaborar com a sua própria carne para que o Verbo Eterno de Deus se fizesse homem, na pessoa de Jesus de Nazaré, a fim de que a salvação chegasse a todos os homens e mulheres deste nosso mundo corrompido pelo pecado.
À voz do mensageiro de Deus que lhe informava ser ela a favorecida por esse dom inefável de Deus, na sua simplicidade e abertura a tamanha graça ela respondeu que era a serva do Senhor, e que se fizesse nela a vontade de Deus. E o Verbo se encarnou, e a mulher exclamou, extasiada: -"O Todo Poderoso fez grandes coisas em meu favor, e doravante todas as gerações me chamarão de bem-aventurada!"
Minha homenagem às mulheres amigas deste blog está fundada na vida desta jovem mulher na Palestina dominada pelos romanos, que se tornou o receptáculo do Verbo Eterno de Deus, e com Ele agora tornado homem, na pessoa de Jesus de Nazaré, a salvação chegou até nós e nos tornou herdeiros do Reino de Deus.
Observando a vida desta mulher, com seu marido José, e com seu filho Jesus, imaginamos que sua vida simples na aldeia de Nazaré transcorria como num conto de fadas. Tudo ali seria fácil como num idílio. A voz divina de Jesus ressoando pela casa, e o Menino dando abraços que seriam, ao mesmo tempo, de uma criança e de um Deus. E era bem assim, não, porém, como um conto de fadas. Isto porque nos esquecemos de que a vida terrestre dessa mulher se desenrolava à sombra da fé que nada enxerga, que não compreende, mas confia nos desígnios impenetráveis de Deus. Esquecemos do enorme peso, esquecemos da renúncia exigida por essa vida de fé que fizeram dessa mulher um exemplo singular para as mulheres de todos os tempos e lugares. Nós lhe atribuímos uma espécie de visão intuitiva de Deus em miniatura, da qual nem a Bíblia fala, e que se opõe mesmo aos dados históricos fornecidos pelo Evangelho de Lucas. Desconhecemos assim a verdadeira grandeza dessa mulher, que reside principalmente na sua vida de fé.
A vida inteira da mulher de Nazaré está marcada pelas duras exigências de uma fé que não compreende, mas confia. De uma fé que desabrocha através de meditações sempre mais profundas ao contato com o divino garoto que cresce. O evangelista Lucas é muito claro a esse respeito. Quando, aos doze anos, Jesus se perde por ocasião de uma peregrinação a Jerusalém, a mulher e seu marido conhecem três angustiantes e terríveis dias. À reprimenda da mãe: "Por que nos fizeste isto?”, o Menino-Deus responde: - "Não devo tomar conta das coisas que são de meu Pai?" E Lucas acrescenta que José e a mulher não compreenderam o que Jesus lhes dissera.
Creio que este texto bíblico, inspirado, é de profundo interesse. A piedade medieval, e hoje a popular, atribuem à mulher, no momento da anunciação feita pelo anjo, um conhecimento antecipado de todas as fases da vida de Jesus. Não posso compartilhar deste ponto de vista. Ele retira da mulher o que faz sua grandeza e o que constitui, ao mesmo tempo, seu terrível sofrimento: a obscuridade da fé que se abandona, sem receios, a um mistério intangível e a um futuro desconhecido. Por isso, entendo que a vida dessa mulher está assim bem mais próxima da nossa, já que ela conheceu as mesmas dificuldades que nós; mas num espírito de fé muito confiante abandonou-se aos incompreensíveis mistérios de sua vida - uma vida dirigida por Deus.
A mensagem do anjo certamente permitiu à mulher compreender que seu filho Jesus seria o Redentor, o Messias esperado que salvaria o povo. Mas será que ela também poderia saber que seu filho será verdadeiramente o Filho de Deus, o Deus encarnado? O espírito humano, e, sobretudo a mentalidade judaica, só lentamente podia-se encaminhar para uma verdade de tal envergadura. Será que isso valeu também para a mulher de Nazaré? Só uma análise sincera e profunda dos Evangelhos é que nos poderá dar uma resposta, mas eu, na minha fé e na meditação orante dos textos bíblicos, creio sinceramente que ela, no decorrer de toda a vida de seu Filho, e de maneira plena e definitiva na Sua ressurreição, tornou-se para nós o motivo por que um dos maiores teólogos de nossa época, E. Schillebeeckx permitiu-se coroá-la com o título de "Mãe da Redenção".
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