quinta-feira, 15 de setembro de 2011

O SOFRIMENTO DOS INOCENTES

    
   padeceu injustamente, mas até se ofereceu a esse padecimento para nos trazer a salvação. Estamos aqui na presença de uma realidade primordial de nossa Fé, a mais misteriosa, porém a mais essencial, ou seja, a misteriosa solidariedade dos inocentes com o sofrimento alheio. Esta solidariedade outra coisa não é que sua união misteriosa aos padecimentos de Jesus. Os inocentes que sofrem são os principais testemunhos de Deus, aqueles que recebem as maiores graças divinas porque, melhor que os outros, salvam os seus irmãos humanos, por estarem mais unidos a Jesus moribundo e ressuscitado.
    Sei perfeitamente que é preciso lutar sem tréguas contra o sofrimento dos inocentes, mas sei também que o sofrimento e a morte deles não é uma catástrofe definitiva: é o reverso de um mistério de união com a Cruz. Neste mês estamos chorando o primeiro ano de falecimento de minha filha Raquel. Todos nós gostaríamos de sua presença esfuziante aqui com a gente, mas como isso não é mais possível, que as minhas palavras a seguir sejam um memorial de homenagem e de saudade, já que ela partiu de maneira tão precoce para o Reino de Deus, na eternidade.
Sempre que leio, falo ou reflito sobre o mal físico e moral presente neste mundo, vem-me logo à mente o problema do sofrimento dos inocentes. Este sofrimento, e principalmente o das crianças, seres indefesos, continua sendo no meu entender a ponta mais aguda do problema do mal, e sou muito sensível a ele.
Embora não especialista no assunto, tenho apenas uma resposta a dar. Esta resposta se resume no seguinte: ou se admite ou se rejeita a Fé cristã. Se se admite, é necessário assumi-la em sua totalidade e considerar que na Revelação de Deus são os justos, os santos, os inocentes, que pagam pelos outros.
É o mistério das bem-aventuranças, no ensinamento de Jesus de Nazaré.
Lembremo-nos que o maior torturado de toda a história foi justamente Jesus de Nazaré. Ele não só
    A solidariedade dos inocentes  no sofrimento alheio é um fato. Nenhuma religião, com exceção da cristã, lhe oferece uma explicação. É uma explicação, eu concordo, centrada em um mistério, mas se o rejeitarmos, nos encontraremos diante de uma escuridão ainda mais densa e impenetrável. Só uma visão completa do pecado e da redenção, em que a alma e o corpo, o espírito e a matéria desempenham o seu papel, tanto no bem como no mal, é que nos permitiria explicar, de algum modo, o problema real e candente do sofrimento,
    Estou consciente de que, nesta tarefa, deveremos contar permanentemente com o socorro e a inspiração de Deus, por ser Ele o antimal por excelência. Com efeito, a Bíblia Sagrada, que nos testemunha a palavra de Deus, também nos assegura com plena certeza que após o calvário e a cruz, Deus nos coroa com a glória da ressurreição.
    É com esta certeza no coração que nós, ao mesmo tempo que choramos a morte da Raquel, glorificamos também a Deus, porque sabemos que o calvário e a cruz por que ela passou no seu seguimento de Jesus, mereceu para ela a glória da ressurreição no seu sofrimento e na sua morte dolorosa.

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