Eles são pescadores. Estão trabalhando.
É a profissão deles. Jesus passa e os chama. Diz o Evangelho que eles largam tudo e seguem a Jesus. Parece que tal atitude não lhes custa nada. Deixam a família. Largam os barcos na praia e as redes dentro dos barcos. Levi, coletor de impostos para o colonizador romano abandona a coletoria. Isto porque seguir Jesus, mesmo até os dias de hoje, exige rupturas.
Eles então O seguem e dão início a um grupo, formam uma comunidade itinerante pelas estradas da Palestina. É a comunidade de Jesus, que começou ali e continua até hoje, sob a roupagem das diversas comunidades cristãs, espalhadas pelo mundo.
São os discípulos, em número de doze, que acompanham Jesus por todo canto. Entram com Ele nas sinagogas dos judeus e, inaudito! Até na casa de pecadores. Passeiam com Ele pelas lavouras de trigo, e matam a fome arrancando espigas já maduras.
Andam com Ele ao longo do mar, onde as multidões os procuram, não tanto a eles, mas a Ele. Ficam a sós com Ele, oram com Ele, interrogam-No sobre problemas da vida em comum. Vão à casa onde Ele costuma descansar e pernoitar, seguem-No até Nazaré, a terra natal dEle. Com Ele atravessam o mar e vão para outras regiões, acompanhados por multidões cada vez maiores, ansiosas para ouvi-Lo e receberem algum milagre, alguma cura para muitos de seus males.
Participam da dureza das caminhadas. Tanta gente os procura, que às vezes não dispõem de tempo nem para tomar as suas refeições. Começam a sentir-se responsáveis por Ele, pelo Seu bem-estar, Ficam perto dEle, cuidam dEle e mantêm um barco na praia sempre pronto para Ele fazer-se ao largo, e não ser esmagado pelo povo que avança.
A convivência entre eles se torna íntima e familiar. Jesus chega mesmo a dar apelidos a alguns deles. A João e a Tiago chama-os de Filhos do Trovão, e ao mais saliente deles, Simão, deu-lhe o apelido de Pedra ou Pedro. Ele vai também à casa deles, e numa dessas idas cura a sogra de Pedro.
Andando com Jesus, eles seguem um novo sistema de vida. Começam a perceber o que serve para a vida do dia-a-dia e o que não serve. A atitude livre e libertadora do Mestre lhes dá uma nova visão de certas normas religiosas que pouco ou nada têm a ver com a vida, como por exemplo, a rigorosa observância do sábado exigida pelos fariseus fundamentalistas.
Entram em casa de pecadores, comem sem lavar as mãos, e já não insistem tanto na obrigação do jejum. Por isso eles são envolvidos nas tensões e brigas de Jesus com as autoridades do templo e são criticados e condenados pelos fariseus. Mas Jesus os defende.
Eles se distanciam das posições de vida anteriores. O próprio Jesus os distingue das outras pessoas e diz claramente: - "A vocês é dado conhecer o mistério do Reino, mas aos de fora tudo é anunciado por meio de parábolas, pois têm olhos mas não enxergam, têm ouvidos mas não escutam."
Jesus considera os discípulos e as discípulas como seus irmãos e suas irmãs. Eles são a Sua nova família. E Ele os instrui, os ensina. As parábolas narradas ao povo, Jesus as explica a eles, quando estão sozinhos em casa.
Depois de certo tempo, Jesus escolhe doze dentre eles, para acompanhá-Lo mais de perto. Eles recebem a missão de anunciar a Boa Nova e o poder de também expulsar demônios. Assumem uma missão orientada por Jesus: devem ir, dois a dois, para anunciar a Sua chegada. No Antigo Testamento eram doze tribos, agora são doze discípulos.
Eles formam um novo jeito de ser povo de Deus. Para poder chegar a este ponto tiveram de passar por esta longa preparação. Tiveram de tomar posição ao lado de Jesus e criar coragem para fazer várias rupturas em sua vida, e estarem prontos até para dar a própria vida por Jesus, como tiveram de fazê-lo mais tarde.
Nisso tudo se revela, entre eles, o entusiasmo do primeiro amor!