quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

O MILAGRE DO PRIMEIRO AMOR


          Eles são pescadores. Estão trabalhando.
         É a profissão deles. Jesus passa e os chama. Diz o Evangelho que eles largam tudo e seguem a Jesus. Parece que tal atitude não lhes custa nada. Deixam a família. Largam os barcos na praia e as redes dentro dos barcos. Levi, coletor de impostos para o colonizador romano abandona a coletoria. Isto porque seguir Jesus, mesmo até os dias de hoje, exige rupturas.
       Eles então O seguem e dão início a um grupo, formam uma comunidade itinerante pelas estradas da Palestina. É a comunidade de Jesus, que começou ali e continua até hoje, sob a roupagem das diversas comunidades cristãs, espalhadas pelo mundo.
       São os discípulos, em número de doze, que acompanham Jesus por todo canto. Entram com Ele nas sinagogas dos judeus e, inaudito! Até na casa de pecadores. Passeiam com Ele pelas lavouras de trigo, e matam a fome arrancando espigas já maduras.
        Andam com Ele ao longo do mar, onde as multidões os procuram, não tanto a eles, mas a Ele. Ficam a sós com Ele, oram com Ele, interrogam-No sobre problemas da vida em comum. Vão à casa onde Ele costuma descansar e pernoitar, seguem-No até Nazaré, a terra natal dEle. Com Ele atravessam o mar e vão para outras regiões, acompanhados por multidões cada vez maiores, ansiosas para ouvi-Lo e receberem algum milagre, alguma cura para muitos de seus males.
       Participam da dureza das caminhadas. Tanta gente os procura, que às vezes não dispõem de tempo nem para tomar as suas refeições. Começam a sentir-se responsáveis por Ele, pelo Seu bem-estar, Ficam perto dEle, cuidam dEle e mantêm um barco na praia sempre pronto para Ele fazer-se ao largo, e não ser esmagado pelo povo que avança.
        A convivência entre eles se torna íntima e familiar.  Jesus chega mesmo a dar apelidos a alguns deles. A João e a Tiago chama-os de Filhos do Trovão, e ao mais saliente deles, Simão, deu-lhe o apelido de Pedra ou Pedro.  Ele vai também à casa deles, e numa dessas idas cura a sogra de Pedro.
      Andando com Jesus, eles seguem um novo sistema de vida. Começam a perceber o que serve para a vida do dia-a-dia e o que não serve. A atitude livre e libertadora do Mestre lhes dá uma nova visão  de certas normas religiosas que pouco ou nada têm a ver com a vida, como por exemplo, a rigorosa observância do sábado exigida pelos fariseus fundamentalistas.
      Entram em casa de pecadores, comem sem lavar as mãos, e já não insistem tanto na obrigação do jejum. Por isso eles são envolvidos nas tensões e brigas de Jesus com as autoridades do templo e são criticados e condenados pelos fariseus. Mas Jesus os defende.
        Eles se distanciam das posições de vida anteriores. O próprio Jesus os distingue das outras pessoas e diz claramente: - "A vocês é dado conhecer o mistério do Reino, mas aos de fora tudo é anunciado por meio de parábolas, pois têm olhos mas não enxergam, têm ouvidos mas não escutam."
       Jesus considera os discípulos e as discípulas como seus irmãos e suas irmãs. Eles são a Sua nova família. E Ele os instrui, os ensina. As parábolas narradas ao povo, Jesus as explica a eles, quando estão sozinhos em casa.
     Depois de certo tempo, Jesus escolhe doze dentre eles, para acompanhá-Lo mais de perto. Eles recebem a missão de anunciar a Boa Nova e o poder de também expulsar demônios. Assumem uma missão orientada por Jesus: devem ir, dois a dois, para anunciar a Sua chegada. No Antigo Testamento eram doze tribos, agora são doze discípulos.
        Eles formam um novo jeito de ser povo de Deus. Para poder chegar a este ponto tiveram de passar por esta longa preparação. Tiveram de tomar posição ao lado de Jesus e criar coragem para fazer várias rupturas em sua vida, e estarem prontos até para dar a própria vida por Jesus, como tiveram de fazê-lo mais tarde.
        Nisso tudo se revela, entre eles, o entusiasmo do primeiro amor!
      



   


segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

CAMINHANDO NA ESTRADA DE JESUS


         Um Evangelho não vale só pelas informações históricas que oferece sobre Jesus de Nazaré. Quem lê o Evangelho só para obter informações sobre o que aconteceu no passado, no tempo de Jesus, pode até chegar a conclusões erradas.
         Quem vê de longe um carro fazendo muita curva na estrada pode concluir: - "Deve ter muito buraco naquela estrada."
         Ou então: -"Estrada perigosa! Tanta curva!
        Mas não era nada disso. Aquele motorista balançava o carro, porque queria acordar o companheiro que dormia no banco traseiro!
       Assim é o Evangelho de Marcos, por exemplo. Algum leitor, vendo Marcos insistir tanto nos defeitos dos discípulos de Jesus, pode concluir: - "Aqueles primeiros discípulos não prestavam mesmo!"
       Mas não era nada disso. Marcos estava querendo acordar o pessoal de sua comunidade. Estava colocando um espelho na frente deles. Por isso insiste tanto nos defeitos dos primeiros discípulos! Era para que as comunidades cristãs de seu tempo tomassem consciência dos seus defeitos e se convertessem. E não só! Era, sobretudo, para que não desanimassem diante dos seus defeitos e diante das muitas dificuldades por que passavam.
     Com efeito, o mesmo Jesus, que tinha acolhido os doze depois da negação e da traição, continuava no meio das comunidades, sempre pronto e disposto para acolhê-las e chamá-las de novo!
    Às vezes, quando leio um bom romance, por exemplo o "Dom Casmurro", do mestre Machado de Assis, eu me identifiquei tanto com a sugestiva pessoa de Capitu, que cheguei a publicar artigo sobre ela, e dei até seu nome a um livro que publiquei tempos atrás. É justamente isso que acontece quando se lê um bom romance. O mesmo fazem as novelas da televisão. Tenho experiência cá de casa, com minha mulher e com a netinha Isabela... É o dia inteiro falando deste ou daquele personagem da novela das oito...
   Na medida em que a gente se envolve com algum dos personagens do romance ou da novela, o seu enredo me leva (ou leva (Você) a percorrer um caminho e eu acabo lá onde o autor do romance ou da novela quer que a gente chegue.
     Pois é isso mesmo que acontece com o Evangelho de Marcos, que eu tomei como exemplo. Marcos não só informa sobre aquilo que Jesus fez no passado, mas também quer que eu (e Você) me  identifique com os discípulos de Jesus e me envolva com os problemas deles, sinta o entusiasmo deles e viva também a crise que eles viveram.
   Marcos quer que eu (e Você) percorra o caminho que aqueles primeiros discípulos percorreram com Jesus, desde a Galiléia até Jerusalém.
    E fazendo assim, é que eu (e Você) elimino o "fermento dos fariseus e dos herodianos", e me torne melhor discípulo (ou discípula) de Jesus de Nazaré.
     É com esse espírito que devemos ler os Evangelhos, que trazem Jesus até nós.
    
     




   

        



sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

A LEI DO AMOR


          "Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei."

          Apesar de todos os pesares, eu ainda acredito nessa lei do amor, promulgada por Jesus de Nazaré pelos caminhos da Palestina. O primeiro e maior mandamento. E o segundo lhe é semelhante.
          Que é essa lei do Amor?
        Parece-me que há uma certa  tendência que leva muita gente, inclusive eu em alguns entreveros do dia a dia, a pensar nessa lei de Cristo com algum mal-estar, talvez por considerá-la um ditame que interfere com nossa existência ordinária, natural, humana. 
         É evidente que eu considero muito salutar, e mesmo "salvífica", essa interferência. De maneira alguma eu tenho como indevida tal interrupção de minhas tarefas ordinárias. Contudo ela me constitui um estorvo.
        No entanto, a "Lei do Amor" (Amor sobrenatural, bem entendido), costuma interferir também na assim considerada Lei da Natureza, que suponho ser-lhe oposta. É quase sempre com um suspiro de resignação que renuncio a alguma coisa a que me sinto espontaneamente inclinado e me volto a esse "penoso dever", o dever do amor, imposto por alguma razão misteriosa, por Jesus, talvez para nos "salvar". Bem, a verdade, evidentemente, é que eu quero ser salvo, mas podia ser um pouco mais fácil, não podia?
       O certo, para quem leva a sério essa Lei do Amor, é que ela é a mais profunda lei de nossa natureza. Não é algo de estranho e alheio à nossa natureza. Na verdade, se eu a acolho mais como um dom da ternura de Cristo para conosco, ela nos inclina e nos leva a amar livremente.
    E por que cheguei eu a esta conclusão? Com plena certeza porque a exigência mais profunda e fundamental das leis de Deus em nossos corações é que alcancemos nossa plena realização, amando. Não basta que eu ou você participemos de uma natureza humana. Temos de agir como pessoas humanas.
     Temos de exercitar todas as mais profundas capacidades de nossa natureza. Mais que isso, voltando a mim: tenho de agir como pessoa - E livremente! Logo que comecei a existir, ainda nos braços de minha mãe, comecei já a estar sujeito à Lei do Amor.
    É bom que se diga que a Lei do Amor não é uma lei que me ordene viver mergulhado em certas consolações sentimentais, tão comuns em livros populares de espiritualidade. Esta Lei me obriga, sim, a me engajar na dinamização desse formidável potencial existente em mim, como em todos os meus semelhantes.        Numa palavra, o mandamento que me ordena amar ao meu próximo é uma ordem que consegue me elevar acima dos mecanismos do instinto natural, a utilizar livre e deliberadamente uma força natural existente em mim, em vez de me deixar ser conduzido por ela e segui-la cegamente, sem um seguro discernimento.
    Somente essa liberdade na utilização do impulso natural pode elevar-me a um nível pessoal e espiritual. Contudo, a liberdade não nega obrigatoriamente, nem abdica de todo a natureza.
     O amor é, ao mesmo tempo, dependente e livre. Depende de valores objetivos e cria, também, novos valores. Isto porque a Lei do Amor é uma lei que me ordena acrescentar novos valores ao mundo que me foi dado por Deus, através do poder criativo que Ele colocou em mim - fazendo-me co-criador com Ele!


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                                                  - "Se eu pudesse,
                                                      na hora mais dolorosa
                                                      do sepultamento de minha filha Raquel,
                                                      quando a sua urna funerária
                                                      era colocada túmulo a dentro,
                                                      eu faria com que voasse sobre os presentes
                                                      um bando de andorinhas,
                                                      lembrando a sua ressurreição NA morte,
                                                      que é a Fé que me mantém vivo até hoje...
                                                      Oh! como seria bom
                                                      Se eu pudesse!"

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quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

À MEMÓRIA DA RAQUEL


       Nesta quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013, faz dois anos e meio que minha filha Raquel partiu prematuramente para a Vida Eterna, para a Casa do Pai de todos os Pais.
      Que ela descanse em paz junto ao Senhor Deus, junto à Virgem Maria, junto a todos os santos, enquanto permanece na lembrança de todos aqueles que com ela conviveram e a amaram.
         Que o poema abaixo seja para ela, "in memoriam", uma singela homenagem de sua filha Isabela, de seus irmãos Carlos, Júlio, Aroldo Jr e de seus chorosos pais:


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                                                LIBERTAÇÃO

                                                         (para a Raquel, "in memoriam")

                                               "...e foi assim
                                                   que naquela madrugada de um outono quente
                                                   a alma vibrante da Raquel
                                                   aprumou-se ereta
                                                   colocou-se no ponto de extrema tensão
                                                   do arco de sua curta vida
                                                   mirou com mil cuidados o seu alvo
                                                   e flechou verticalmente o Céu
                                                   em busca do Infinto!"
                                          
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terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

EDUCAÇÃO LIBERTADORA?


          Outro dia  jornal de "peso" cá da província trouxe um texto sobre o título acima que, entretanto, não me agradou, porque tenho outro entendimento sobre o que é educação, e principalmente o que seria uma educação realmente libertadora.
        Salvo engano meu, uma educação para ser libertadora não pode prescindir, entre outras, das seguintes verdades que considero realmente salvadoras:
      - todo homem, toda mulher, devem considerar-se responsáveis pelo maior bem da humanidade - por todas as suas ações ou omissões;
       - para as religiões de fundo judaico-cristãs, o seu fundamento básico está contido já nas páginas iniciais da Bíblia: Deus criou homem e mulher à Sua imagem e semelhança;
       - o individualismo, tão arraigado em nossa sociedade, gera o egoísmo, que considero raiz de todos os males sociais;
        - creio que é urgente solidarizar profundamente o ter  e o ser; longe de qualquer exclusão, os dois se completam e um não deve sobreviver sem o outro;
        - para mim, o mal não é ter. Seria faltar à verdade e, portanto, escravizar, temer a imaginação criadora de homem e de mulher e o que se prevê para o futuro, seja próximo ou remoto. É preciso que o progresso procurado não esteja a serviço de grupos restritos e privilegiados, mas a serviço da humanidade inteira;
       - nem miséria que avilte homem e mulher, nem excesso de riqueza e conforto que desumanize quem o possui egoisticamente.
     Dentro destes parâmetros, a educação estará falhando se estiver contaminada por resquícios de mentalidade de esquerda ou de direita;
        - a violência deve sempre ser combatida e superada. Para isto, é necessária a coragem de ir à fonte de todas as violências, ponto fim às injustiças que existem em toda parte, notadamente aquela injustiça que chamamos de injustiça social;
       - o escândalo que clama aos céus é a marginalização social que afasta dos benefícios e serviços, da criatividade e das decisões vitais da sociedade mais de dois terços de seres humanos; 
        lembrar sempre que a juventude tem um papel ímpar nos dias atuais; é preciso ter coragem de acreditar nos jovens, de dialogar com eles, de estarmos abertos às exigências apresentadas por eles em nome da autenticidade e da justiça e, com isso, conquistando força para exigir, também deles, respeito à justiça e à autenticidade;
         - é urgente uma revisão, em profundidade, daquilo que se denomina ateísmo; crer em Deus não é transformar homem e mulher em escravos.  De qualquer modo, uma educação libertadora não pode prescindir da colaboração de ateus cujo humanismo signifique amor efetivo a outros homens e mulheres;
          - constitui  fecundo sinal dos tempos as diferentes religiões se unindo para viver e fazer viver o amor ao próximo, como maneira ideal de também amar a Deus;
       - é vital que todos se unam para denunciar e superar o medo; tanto o medo dos que se julgam irremediavelmente injustiçados porque não têm; como o medo dos que têm e se apavoram com o perigo de perder os próprios bens;
         - na base de toda educação verdadeira está o respeito real à pessoa humana:  no lar, que esposo e esposa  devem crescer simultaneamente; que cada filho tem medida própria e possui uma mensagem singular, se se realiza como criatura humana; de todos os que detêm qualquer tipo de autoridade, para que governem como quem serve, e todos os que devem obedecer à autoridade, que obedeçam, sem sombras de subserviência;
         - Educação Libertadora de quê? Do egoísmo que leva ao orgulho e faz homem e mulher terem a audácia de imaginar que podem prescindir de Deus ou, o que é trágico, tomar-Lhe, simplesmente o lugar. Educação libertadora que  livra homem e mulher de se fecharem em si mesmos, criando infelicidade, tensões, divisões, separações e conflitos nos lares, nas escolas, nos sindicatos, nos clubes, nos partidos políticos, no próprio mundo religioso.
          Isto é mais ou menos o que entendo por educação libertadora, mas estou sempre aberto a outros questionamentos a respeito. Nos meus trinta anos de magistério público estadual, em escolas de Barbosa Ferraz, PR, este conjunto de verdades foi o meu guia e inspiração no trabalho do dia-a-dia em sala de aula.
       
    

        

       

domingo, 17 de fevereiro de 2013

VIAGEM AO REDOR DO NOVO PAPA


      Quem será o sucessor do Papa que abdica do pontificado, Bento XVI?
     Só após o conclave se reunir, deliberar, escolher, divulgar, e só então saberemos quem foi eleito para governar a Igreja Católica, depois  da inusitada abdicação de Bento XVI.
     Renunciando ao pontificado a partir de 28 de fevereiro de 2013,  alegando falta de condições físicas para a estafante missão de governar a Igreja espalhada por todo o mundo, Bento XVI será o décimo Papa a deixar o comando da Igreja Católica, voluntariamente, e o primeiro depois de 598 anos.
    Após deixar o pontificado, provocando grande surpresa em todo o mundo, consta que Bento XVI se recolherá ao mosteiro Mater Ecclesiae (Mãe da Igreja), que fica no Vaticano, onde se dedicará à oração e à contemplação, coisa em que não acredito "in totum" porque, sendo ele um intelectual de soberbo gabarito, com toda certeza se dedicará a faze valer seus dotes de escritor, e continuará a desenvolver a obra iniciada com a trilogia que batizou de "Jesus de Nazaré".
     Os jornalistas especulam sobre o futuro de Joseph Ratzinger, mas não acreditam que ele se imiscuirá na eleição do novo Papa, seu sucessor na Cátedra de Pedro.
      Há opiniões de que ele, retornando à sua condição anterior de Cardeal, participe da eleição do sucessor e jure lealdade àquele que for eleito novo Papa. Outros alegam que ele se tornará bispo emérito de Roma, abdicando de sua condição de Cardeal da Igreja Católica. Só o futuro nos revelará o seu eventual destino.
    Quanto à escolha do novo Papa, cada Cardeal eleitor, reunido com os demais em "conclave", deverá considerar no provável candidato alguém que concorde com os valores e a visão do eleitor quanto ao futuro da Igreja. Votará para futuro Papa em alguém com quem possa ter um bom relacionamento, como um cardeal amigo mas, antes de tudo, levando em consideração o maior bem da Igreja.
    O processo de eleição começa pelas assim ditas Congregações Gerais, que são encontros diários nos quais podem participar todos os Cardeais, inclusive os não-eleitores (com mais de 80 anos de idade). Nessas Congregações Gerais é discutida a agenda da Igreja para o próximo pontificado e, definidos os pontos mais importantes dessa agenda, o pré-conclave já pode orientar os votos para a escolha do Papa.
    Os Cardeais eleitores (com menos de 80 anos de idade) se reúnem na Capela Sixtina. Pronunciada a frase regimental: - "Escolho como Sumo Pontífice..."), e cada qual escreve na sua cédula o nome do candidato de sua escolhe, e deposita seu voto na urna apropriada.
   Para que seja considerado vencedor, o eventual candidato deve obter dois terços dos votos. Se esse resultado não for obtido, haverá novas rodadas de votações e, se nem aí surgir uma definição, valerá então a maioria simples.
   Terminada a votação e conhecido o novo Papa eleito, as cédulas são queimadas e se produz a tradicional fumaça branca na chaminé que dá para a Praça de São Pedro, indicando que a Igreja tem já um novo Chefe.
   Quem quer que seja eleito, um conservador, um progressista, um fundamentalista ou reacionário, minha obrigação como católico é aceitá-lo e reverenciá-lo, como o escolhido por inspiração do Espírito Santo...
    E viva o novo Papa, aquele que calçará doravante as famosas sandálias de São Pedro!...

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     Particularidades litúrgicas:-

    O Papa, seja ele Bento XVI, seja o seu sucessor, como todos os Papas, a sua veste no dia-a-dia normal, ordinariamente, compõe-se de uma batina branca, não estando em celebrações. Se estiver, seus paramentos serão de cor branca, ou roxa, ou verde, ou preta, ou vermelha, dependendo da cerimônia litúrgica que estiver oficiando.
    Sempre traz no dedo o "anel pontifício", símbolo da fidelidade à Igreja. Esse anel é cunhado quando o Papa é eleito e assume o pontificado. Extinto este, por qualquer motivo, o anel é destruído.
     O "solidéu", que lembra um quepe judaico, é usado pelos bispos, arcebispos, cardeais e pelo Papa. Ao contrário dos judeus, no entanto, nas cerimônias litúrgicas mais solenes, ou em momentos próprios da celebração, o solidéu é retirado da cabeça.
     O "crucifixo" deve ficar na altura do peito, como símbolo de que os sacerdotes guardam a cruz no coração. É usado todo tempo por bispos, arcebispos, cardeais e pelo Papa.
     O "báculo" simboliza o cajado que o pastor usa para cuidar de seu rebanho. É usado em procissões, na leitura pública do Evangelho e na administração de sacramentos, pelos bispos, , arcebispos e pelo Papa. Desde Paulo VI o báculo contém uma cruz na sua extremidade superior.
    A "mitra" é usada nas celebrações litúrgicas, e lembra a coroa de glória que Jesus, o príncipe dos pastores, entregará aos seus servos fiéis. É usada pelo Papa, bispos, arcebispos e cardeais.
    O "pálio", colocado sobre os ombros, é feito a partir de lã de ovelha. Simboliza a unidade com a Santa Sé. Bento XVI inicialmente o usou com a faixa voltada para trás, como na época medieval; depois passou a usá-lo ao seu modo normal.
     A "casula" cobre toda a roupa do religioso (padre, bispo, arcebispo, cardeal, Papa) e muda de cor conforme o período litúrgico do ano. Simboliza a sujeição a Deus, como um fardo não pesado.
     Os "paramentos", conjunto de vestes, mudam de cor segundo o tempo litúrgico ou o teor da celebração.
     A "cor branca" é usada na Páscoa, no Natal e em comemorações de santos não mártires. Geralmente possuem detalhes em dourado e pedras, por ser usada em ocasiões especiais.
    A "cor verde" é a cor da maior parte dos paramentos usados nas cerimônias do ano, o chamado Tempo Comum, que vai do Natal à Quaresma, e do Pentecostes ao Advento.
    A "cor roxa" é considerada uma cor de penitência, e é usada no Advento e na Quaresma. Nesses períodos costuma-se não usar flores nas igrejas.
      A "cor preta" é usada nas celebrações fúnebres.


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                                                    "Se eu pudesse,
                                                      na hora mais dolorosa
                                                      do sepultamento de minha filha Raquel, 
                                                      quando a sua urna funerária
                                                      era colocada túmulo a dentro, 
                                                      eu faria com que voasse
                                                      sobre os presentes
                                                      uma revoada de andorinhas,
                                                      lembrando a sua ressurreição NA morte,
                                                      como é a Fé
                                                      que me mantém vivo até hoje...
                                                      Oh! como seria bom
                                                      Se eu pudesse!..."

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sábado, 16 de fevereiro de 2013

VIAGEM AO REDOR DE BENTO XVI


       Joseph  Aloisius Ratzinger, 85 anos.
      Eis aí o homem: padre, bispo, cardeal, Papa e, a partir de 28 de fevereiro de 2013,  ex-Papa.
      Nasceu em Marktlam Inn, na Alemanha, em 16 de abril de 1927, nove anos antes de mim, que cheguei a este mundo, por obra e graça de meus pais, Noé e Julieta, em 29 de janeiro de 1936, na zona rural do pequeno município de Caldas, sul de Minas Gerais. 
    A cidade de Caldas era famosa na época de meu nascimento por ser a capital do vinho, no Estado. Sendo meu pai, nessa época, pequeno comerciante, e do âmbito vinícola,"eu amarrei meu primeiro fogo" na vida justamente com uma taça de vinho.
     Por ser "expert" na bebida cuja invenção é atribuída ao deus mitológico Baco, meu pai foi convidado para a inauguração de uma adega, na cidade, e levou-me consigo. Inaugurada a adega, foi servida aos presentes uma rodada do primeiro vinho recém-produzido. Deram-lhe uma taça enorme cheia até às bordas, e ele, vendo-me ao seu lado, deixou que eu desse uma "bicada" no seu vinho e eu, sem maiores precauções, por não saber o efeito, virei a taça de uma vez só, embebedei-me na primeira vez em minha vida, dormi ou desmaiei, e fui levado para casa na carroceria de um caminhão. Por mal dos meus muitos pecados mortais, até hoje sou censurado pela minha mulher, a dona Cleusa, por ser fissurado nesse sub-produto da uva... esquecendo-se ela de que o próprio Cristo escolheu o vinho para a Sua Eucaristia!
      Mas, voltando ao Joseph Ratzinger, do início.
     Além de padre, bispo, cardeal e finalmente Papa, ele foi um intelectual e escritor de fama internacional. Sua obra teológica e pastoral compreende mais de 600 artigos em jornais e revistas, e uma centena de livros traduzidos em várias línguas. Desses, eu tenho os dois primeiros volumes de sua  principal obra, projetada para  três volumes, a que ele deu o nome de "Jesus de Nazaré".
     Quem diz "Papa", está se referindo à maior autoridade da Igreja Católica. O Papa vive na sede da Igreja, o Vaticano, que fica na Itália, e é considerado o menor Estado independente do mundo.
     Entre suas tarefas, além da mais grandiosa e difícil, que é governar os milhões de católicos espalhados pelo mundo inteiro, comandar a Igreja, escolher qual padre deverá ser bispo, e qual bispo deverá receber as insígnias de cardeal da Igreja Católica, o Papa geralmente, sendo um intelectual como Joseph Ratzinger, além de promulgar encíclicas, que constituem a maneira mais comum de difundir suas mensagens para o mundo, também pode escrever livros, que quase sempre se tornam verdadeiro sucesso de livrarias.
     O Papa é eleito pelos Cardeais, numa reunião chamada de "consistório", ou "conclave".  (conclave significa com chave, porque os cardeais eleitores se reúnem num recinto fechado a chave, daí, conclave).  Geralmente é escolhido um dentre eles, mas não é impossível que seja eleito um que não é cardeal, como já aconteceu em algum momento da História.
     A palavra "Papa" não passa de uma sigla, em latim: "Petri apostoli potestatem accipiens" que, em língua de gente, pode ser traduzida por "aquele que tem o poder do Apóstolo Pedro", pois a tradição e a História consideram Pedro o primeiro Papa da Igreja Católica.
    Joseph  Ratzinger, Papa Bento XVI até o próximo dia 28 de fevereiro, quando abdicará do pontificado, ordenou-se padre em 1951, tornou-se arcebispo de Munique e Frisinga, na Alemanha, e recebeu o chapéu cardinalício em 1977. O Papa João Paulo II, de saudosa memória, nomeou-o em 1981 Prefeito da Congregação pela Doutrina da Fé, sucessora moderna da famosa Inquisição, na Idade Média, malsinada pelas centenas e centenas de condenações à morte, principalmente pela fogueira, como foi o caso da heroína francesa, Joana dArc.
     O Papa Bento XVI, como todos os Papas costumam fazer, publicou o seu primeiro documento oficial (= encíclica) a que deu o título de "Deus caritas est" (Deus é Amor), em 2006, pela Livraria Editora Vaticana. Eu a tenho em minha estante de livros, é de leitura fácil e agradável, e já a li e anotei do começo ao fim pelo menos duas vezes no ano que passou.
      Bento XVI diz que se retirou para a solidão de um mosteiro, para dedicar-se à oração e à contemplação. Espero que ele, nas suas orações, pode ser que, num lampejo do Espírito santo, se lembre de um blogueiro de Curitiba que sempre o admirou, e admira ainda mais hoje, quando ele, num gesto de edificante humildade, abandonou o enorme poder que tinha sobre toda a Igreja Católica, no mundo inteiro,  para dedicar-se com mais vagar à oração e à contemplação dos mistérios de Deus.


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                                                   "Se eu pudesse,
                                                     na hora mais dolorosa
                                                     do sepultamento de minha filha Raquel,
                                                     quando a sua urna funerária
                                                     era colocada túmulo a dentro,
                                                     eu faria com que voasse
                                                     sobre os presentes 
                                                     uma revoada de andorinhas
                                                     lembrando a sua ressurreição NA morte,
                                                     como é a Fé
                                                     que me mantém vivo até hoje...
                                                     Oh! como seria bom
                                                     Se eu pudesse!"

                                                   ****************************************
                                                   
      
        

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

FELICIDADE E LIBERDADE


      Dizem os experts no assunto que há diversas maneiras de ser feliz, e todo homem e toda mulher têm a capacidade de fazer de sua vida o que ela precisa ser para que tenham uma dose razoável de paz e de felicidade.
     Por que então nos perseguimos a nós mesmos com exigências ilusórias, nunca estamos satisfeitos até sentirmos ter-nos conformado a algum padrão de felicidade que é bom, não para nós apenas, mas todos quantos nos rodeiam?
    Por que não podemos contentar-nos com o dom gratuito de felicidade que Deus nos oferece, sem consultar o resto do mundo? 
      Por que insistimos, antes, numa felicidade aprovadas pelos jornais, pelas revistas, pela TV? Talvez por não acreditarmos numa felicidade que nos é dada por Deus, de graça. O fato é que não cremos poder ser felizes com uma felicidade que não traz uma etiqueta com o seu preço nela marcado.
    Se somos bastante tolos para ficar à mercê de pessoas ou de entidades que querem vender-nos a felicidade, jamais será possível nos contentarmos com alguma coisa. Como aproveitariam eles se nós nos contentássemos? Aí então não precisaríamos mais de seu apregoado produto.
     A última coisa desejada pelo vendedor é que o cliente fique satisfeito. De nossa parte servimos em nossa sociedade opulenta e de consumo, se não estamos sempre prontos no ato de agarrar o que ainda não temos e que nos é oferecido, não atinamos com que objetivos.
    Deus nos dá a liberdade de forjar a nossa própria vida dentro da situação concreta em que nos encontramos, que é o dom de Seu amor para conosco, e por meio do poder a nós concedido também por Seu amor.
       A verdade, porém, é que nos sentimos culpados, porque nos julgamos perfeitamente capazes de encontrar a felicidade na vida que Ele providenciou para nós, e na qual podemos andar, satisfeitos, ajudados por Sua Graça. Mas temos vergonha de fazê-lo. Pois temos necessidade de mais uma coisa: precisamos de aprovação. E essa necessidade de aprovação acaba destruindo nossa capacidade de sermos felizes.
      Para a classe média a que pertencemos ou julgamos pertencer, a aprovação tem de ser comprada - não uma vez, não dez vezes, mas mil vezes por dia.
      O famoso escritor francês, que eu muito estimo e de quem sou leitor fanático, Léon Bloy, fez certa vez o seguinte comentário sobre esta característica de nossa sociedade: um homem de negócios dirá de alguém que conhece essa pessoa se conhece que ela tem dinheiro.
      Dizer de alguém "não o conheço" significa, no reino dos altos negócios, "não estou bem certo de que pagará seus débitos."
      Mas se tem dinheiro, e o prova, então "eu o conheço..."
    Assim, temos que ganhar e possuir muito dinheiro e gastá-lo prodigamente, para sermos conhecidos, reconhecidos como seres humanos.
      Sem isso, somos uns pobres e infelizes excomungados!...

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                                                        "Se eu pudesse, 
                                                         na hora mais dolorosa
                                                         do sepultamento de minha filha Raquel, 
                                                         quando a sua urna funerária
                                                         era colocada túmulo a dentro,
                                                         eu faria com que voasse sobre os presentes
                                                         uma revoada de andorinhas,
                                                         lembrando a sua ressurreição NA morte,
                                                         como é a Fé
                                                         que me mantém vivo até hoje...
                                                         Oh! como seria bom
                                                         Se eu pudesse!..."
                                                        ****************************************

      Em tempo:
                    Apesar de alguma voz em contrário, a comunidade paroquial a que pertenço continua a rezar, diariamente,  para que a Somália saia da pobreza, e que as crianças de lá não mais morram de fome.
                     Isto porque, ou se crê, ou não se crê nas palavras de Jesus Cristo:
                     -  "Pedi e recebereis".  Por isso nós continuamos pedindo. E tenho certeza de que teremos uma resposta satisfatória, porque Deus é fiel e não contraria Suas promessas e nem nossa esperança.
                     É claro que sei também da liberdade humana.
                   Mas, mais do que tudo, creio na ação do Espírito Santo, que ilumina a mente das pessoas de boa vontade, respeitando-lhes integralmente sua liberdade, para que elas tomem as melhores resoluções que sejam benéficas a si mesmas e ao seu próximo. O resto é conversa para boi dormir.

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quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

O PATRIARCA ABRAÃO, SEU DEUS, E OS CRISTÃOS


     Gosto muito de ler e meditar o Antigo Testamento e, principalmente, enfronhar-me na leitura da saga do patriarca Abraão, pois o relacionamento dele com Deus é uma lição inolvidável para todos nós, nestes tempos cheios de conflitos e contradições em que vivemos.
    Refletindo sobre as promessas que ele recebeu de Deus, concluo que o Senhor tem inúmeras maneiras de distribuir seus dons para a humanidade. Se Deus fosse um tímido, se se prendesse a julgamentos precipitados e sem base, com certeza repartiria Seus dons em doses rigorosamente iguais para todos. Ninguém se poderia queixar: ninguém teria nada a mais, ou nada a menos. Tudo numerado, tudo etiquetado e registrado num enorme livro de assentamentos dos dons prometidos e concedidos.
     Confesso que isto seria algo indigno da imaginação criadora do Pai. Seria de incrível monotonia, como se todas as criaturas humanas tivessem o mesmo rosto ou todas as flores tivessem a mesma cor, o mesmo perfume...
    Não me passa pela cabeça que Deus não aceitasse o risco de parecer injusto. Ninguém neste mundo deixa de receber das mãos divinas, pelo menos, o indispensável para uma vida digna. Mas a experiência quotidiana mostra-nos que um número não pequeno de pessoas recebe tais bens com uma largueza estonteante, para não dizer, escandalosa.
     Neste caso, eu me refiro àquelas que considero as verdadeiras riquezas: as riquezas interiores. E mais uma vez volta a experiência a nos informar que há os milionários de dons divinos, os assim ditos privilegiados da Graça.
     Aparentemente, Deus me pareceria injusto. Mas, refletindo com maior profundidade, chego à conclusão de que não é assim, porque Deus pede mais de quem recebe mais. A Bíblia Sagrada está cheia de exemplos deste fato. Quem recebe mais, recebe em função dos outros. Não é maior nem melhor do que os outros: é mais responsável diante de Deus. Deve servir mais ao seu próximo. Viver a serviço do próximo.
      Pensando em todos, Deus escolhe alguns para deles exigir mais. Incita-os a pular no escuro, a partir, a caminhar, sem olhar para trás. Coloca-os à prova, através de sacrifícios terríveis. Chegando mesmo a pedir-lhes a entrega do filho amado. Mas os sustenta, dá-lhes coragem para enfrentarem a missão arriscada de serem instrumentos de convocações divinas. Encarrega-os de ser presença atuante na hora difícil das decisões. Faz deles exemplos e animadores das caminhadas de outros, e muitos outros. Numa palavra: torna-os sinais da presença de Deus, quando surgem as inevitáveis provações.
      É neste ponto que eu me lembro outra vez do patriarca Abraão. Foi chamado e recebeu um mandato de Deus. E Abraão não vacilou sequer por um instante. Recebeu a ordem, acatou-a e partiu. Caminhou pelas estradas de sua terra. Enfrentou provações dificílimas. Aprendeu, às próprias custas, a despertar irmãos, em nome de Deus. A chamá-los, a encorajá-los, a fazê-los caminhar.
    Nós, cristãos católicos, Bíblia à mão, como também os judeus, ou os islamitas, conhecemos todos a História: como se chamará, dentro das diversas religiões, o pai dos crentes, o animador das caminhadas da Fé?
    E aqui eu vejo a impressionante figura do patriarca Abraão. É verdade que ele foi muito agraciado por Deus? É verdade que ele recebeu muito mais do que o comum dos mortais?  Sim, Abraão recebeu muito, mas respondeu ao máximo. Foi fiel aos dons de Deus.
    Peço aos não-cristãos, aos ateus, aos arreligiosos, que não pensem que estejam esquecidos por Deus. Aliás, onde eu falo de Deus, talvez vocês prefiram falar em Natureza, em Evolução, em Modernidade... Isto não tem maior importância. Se vocês, não-cristãos, ateus ou arreligiosos, sentirem no íntimo o desejo de responder positivamente aos dons que, sem saberem, receberam de Deus; se o egoísmo e o desamor lhes parecem estreitos e irrespiráveis;  se experimentam fome de verdade, de justiça e de amor, tenho certeza de que podem e devem caminhar com aqueles que professam a Fé em Jesus Salvador.  
    Sem saber e, talvez, sem querer, Vocês serão sempre, para nós,  cristãos, católicos, nosso irmão ou nossa irmã. Por isso, aceitem nosso apelo e nossa fraternidade: o importante é que nós nos entendamos, dialoguemos, e possamos caminhar juntos para o mesmo destino, para a Casa do Pai de todos os pais!

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                                                  "Se eu pudesse,
                                                  na hora mais dolorosa
                                                  do sepultamento de minha filha Raquel,
                                                  quando a sua urna funerária
                                                  era colocada túmulo a dentro,
                                                  eu faria
                                                  com que uma revoada de andorinhas
                                                  voasse sobre os presentes,
                                                  lembrando
                                                  a sua ressurreição NA morte,
                                                  como é a Fé
                                                  que me mantém vivo até hoje...
                                                  Oh! como seria bom
                                                  Se eu pudesse!..."                                                                                   
      
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segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

EVOLUIR... OU REGREDIR?


      A evolução é uma  condição inalienável para o progresso da comunidade humana. Ou ela evolui, ou estará condenada ao fracasso.  É tomando consciência desta verdade, que meu blog, a partir de hoje, em toda segunda-feira, passa a exibir nova roupagem e nova tomada de posição diante  de certos assuntos, que  condicionam sua e nossa postura dora em diante. E começa da seguinte maneira, imitando o jargão jornalista:

MANCHETE:- Para chegar à paz, precisamos fazer a guerra contra as discriminações e desigualdades sociais, porque não há paz sem que haja também  justiça.

ARTIGO DE FUNDO:- A miséria nasce onde há muitos ricos egoístas. Surge com a ordem social de exploração, de concentração dos bens nas mãos de uns poucos, enquanto vastas camadas do povo são condenadas a um pauperismo e a uma condição econômica indigna de um ser humano.
        Mas esta não é uma ordem social cristã. É a civilização da usurpação e do roubo legalizados, que pede  combate de todos os autênticos militantes da renovação social. É uma situação de guerra, porque tem de ceder seu lugar a uma outra ordem, em que todos os homens e mulheres, chamados a serem participantes da vida de Deus, não sejam mais tratados como servos inúteis de uma oligarquia  todo poderosa.
        A luta pela renovação da sociedade é dever de todos nós, que nos dizemos cristãos. As exigências do Reino de Deus nos obrigam a não nos deixarmos dominar por certa mentalidade burguesa e reacionária que, em nome de uma falsa prudência, tem impedido o florescimento de uma autêntica comunidade de homens e de mulheres, fundada nos princípios imutáveis do Evangelho de Jesus Cristo.

PARA RIR NA CAMA:- Vale a pena notar que, na maioria dos casos, as profundas reformas sociais e políticas reclamadas pela Igreja são consideradas subversivas, em quase todos os países da América Latina.

TOQUE DE ALERTA:- Os homens que hoje, tanto no Oriente quanto no Ocidente, dirigem os povos, política, econômica, sindical, intelectual ou espiritualmente, não têm mais o direito de ignorar a situação do mundo, nem de abster-se da luta para melhor essa situação deplorável. Face às graves ameaças que pesam sobre o mundo,  especialmente sobre o mundo do subdesenvolvimento e da pobreza crônica, recusar-se, por indolência ou inércia, a pensar tais problemas ou a agir com pertinácia para solucioná-los, é atitude criminosa e, por isso, digna de condenação por todas as pessoas de bom senso.

PERGUNTA DE ALGIBEIRA:- Se a Igreja Católica condena a luta de classes e prega a paz, condenará a luta pela justiça quando esta for violada, e ao mesmo tempo, faltar todo meio pacífico para restabelecê-la?

CHUMBO MIÚDO:- Aquele homem ou aquela mulher que dizem crer no Cristo Jesus como vencedor da morte, e não luta, de uma maneira ou de outra, contra todas as formas de morte que existe hoje no mundo: escravidão, prostituição, proletariado oprimido, sujeição forçada de muitos ao poderio econômico de financeiro de alguns poucos oligarcas - pois este, que se diz cristão, e não luta contra essas forças opressoras, não é cristão, mas um mentiroso!

LEITORES E LIVROS:- Os cristãos têm diante de si um imenso esforço a realizar para alcançar as dimensões dos problemas decorrentes da situação global. Empreender esse esforço é correr o risco de ser julgado como sinal de contradição. Os que lutam pela justiça social e pelo amor incondicional ao próximo são muitas vezes acusados de oportunistas e até de trair os supremos interesses da coletividade. (Estas são palavras do Padre Lebret, que acabo de ler no seu livro, pequenino no tamanho, mas gigante no conteúdo, - "Manifesto por uma civilização solidária").

PAUSA PARA MEDITAÇÃO:- Uma revista brasileira, de circulação nacional, por iniciativa da organização econômica-financeira a que está ligada, tem publicado matéria de página inteira para contar as vantagens da empresa que a financia, tendo por mote a frase: "- Você pode escolher o seu patrão".
      E eu digo que isso é uma enorme e deslavada mentira. Você, operário mal pago na sua empresa: você é livre para mandar seu patrão às favas ainda hoje, e procurar outro emprego melhor? Que lhe pague mais? Que não veja em você apenas uma peça a mais na engrenagem da empresa, e não seja capaz de descobrir em você o homem ou a mulher que existe por baixo do funcionário ou da funcionária registrada no seu Departamento do Pessoal, com suas angústias, seus dramas, seus sonhos de dar uma vida melhor à sua mulher, esposo ou filhos, um pouco mais que você, como patrão, lhes dá?
      Você é livre de procurar hoje, agora, neste instante, esse novo patrão?
       Se a sua resposta for positiva, este blog o cumprimenta muito calorosamente.

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                                          "Se eu pudesse,
                                           na hora mais dolorosa
                                           do sepultamento de minha filha Raquel, 
                                           quando a sua urna funerária
                                           era colocada túmulo a dentro,
                                           eu faria com que voasse
                                           sobre os presente,
                                           uma revoada de andorinhas,
                                           lembrando a sua
                                           ressurreição NA morte,
                                           como é a Fé
                                           que me mantém vivo até hoje...
                                           Oh! como seria bom
                                           Se eu pudesse!.."
      
                                          **************************************




domingo, 10 de fevereiro de 2013

CAMINHANDO NA ESTRADA DE JESUS


      Jesus morreu em torno do ano 33, diz um informe da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). Um dos Evangelhos, o de Marcos,  tido como o mais antigo, foi escrito em torno do ano 70. Por esse tempo as comunidades cristãs  se espalhavam por vários rincões do império romano.
   Essas comunidades cristãs, nem bem nascidas, começaram já a serem alvos de uma constante perseguição. Conviviam com o medo, pois no ano de 64, sob a tirania de Nero, tinham elas sofrido  a  sua primeira grande prova, que se tornou uma tempestade na vida dos cristãos espalhados pelo império.
      Muitos discípulos e discípulas tinham morrido pela Fé no Senhor Jesus. Alguns, mais fracos e temerosos, ou negavam  a Fé, ou a traíam, ou fugiam e se dispersavam. Além disso, muitos deles tinham perdido o primitivo fervor, com a rotina do dia a dia tomando conta da sua vida. Achavam que a cruz não deveria fazer parte da vida cristã, chegando a proclamar que "a cruz é uma loucura", como lemos na Primeira Carta de Paulo Apóstolo aos Coríntios.
      Nesses mesmos anos, entre 67 e 70, os judeus da Palestina se rebelaram contra a ocupação romana. O império reagiu com a costumeira violência: Jerusalém foi cercada pelos exércitos romanos e ameaçada de total destruição. O templo foi profanado. Como os cristãos, em sua maioria, eram judeus, eles não sabiam se deviam ou não entrar na rebelião judaica contra o império romano opressor.
    A História nos diz que havia muitas tensões nas comunidades cristãs, pois o horizontes não parecia suficientemente claro, já que havia divisões e até lutas internas entre os próprios judeus.
   Judeus não-cristãos afirmavam que Jesus não podia ser o Messias esperado, porque o  Antigo Testamento ensinava que um condenado à morte, e pela cruz, devia ser considerado um "maldito de Deus", conforme o Deuteronômio. Como é que um maldito de Deus poderia ser o Messias? A cruz era um impedimento para a crença em Jesus. "A cruz é um escândalo", era a convicção dos judeus dessa época, que perguntavam: Afinal, quem é Jesus? Será que ele é realmente Messias e Filho de Deus, como apregoa?
     Por outro lado, havia ainda os problemas internos de liderança. A maior parte dos apóstolos e dos primeiros discípulos já tinha morrido. Uma nova geração  de líderes estava assumindo a coordenação da comunidade cristã, com o consequente clima de tensões, ciúmes e brigas entre os próprios crentes. 
     Como se pode ser discípulo ou discípula de Jesus no meio de uma situação tão complicada e tão difícil? Esta é ainda a pergunta que, até os dias de hoje, nos leva a abrir os Evangelhos e que, em toda parte, suscita o questionamento de grupos que se reúnem em torno da Palavra de Deus.
     O "Blog do Mestre" continuará a tratar deste momentoso assunto.

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                                                  Se eu pudesse,
                                                  na hora mais dolorosa
                                                  do sepultamento de minha filha Raquel,
                                                  quando sua urna funerária
                                                  era colocada túmulo a dentro,
                                                  eu faria com que voasse sobre os presentes
                                                  uma revoada de andorinhas
                                                  lembrando a sua ressurreição NA morte,
                                                  como é a Fé 
                                                  que me mantém vivo até hoje...
                                                  Oh! como seria bom
                                                  Se eu pudesse!

                                                  ** **************************************

      

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sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

RELENDO O GÊNESIS

  
      No princípio era o Artista. E o Artista criou a Poesia.
    Depois criou o Céu e a Terra com todos os milhões de seres que neles existem para a maior glória da Poesia. Criou o sol e a lua. Criou as coruscantes estrelas e as nuvens alcandoradas. Criou as fontes borbulhantes, o regato cristalino, o rio piscoso e o mar pujante de mistério. Não se esqueceu de criar o multicolorido beija-flor, o sabiá e o canoro rouxinol. Criou o ar e o vento, para que neles voasse a Poesia, sob a roupagem de sons musicais. E criou também a esquiva  borboleta, a escandalosa cigarra, a neve das regiões geladas, e o orvalho matutino.
     Poderoso é o Artista!
     É como uma chama viva sobre cinzas esvoaçantes. É como uma altaneira torre de vigia em meio às águas marulhentas dos oceanos. Suas mãos, porém, são delicadas como as tentadoras formas femininas, pois souberam modelar com mil carícias os sublimes ritmos da Poesia.
     Estes foram os quatro primeiros dias da Criação.
   E o Artista, ainda com flores selváticas esquecidas nos Seus braços criadores, ainda com os cabelos molhados pelo orvalho dos vales primitivos, saiu para contemplar a obra de suas mãos fecundas.
     E viu que tudo era bom.
     Somente a Poesia estava amuada e melancólica no meio da Criação.
     O Artista, vendo-a triste, perguntou-lhe:
     - Que tens tu, que te escondes envergonhada entre as mil obras que criei em teu favor? Dei-te um mundo de maravilhas sem fim: criei para ti a terra e as águas, as vagas tumultuosas do oceano e o murmúrio das fontes, a rosa e a humilde violeta. Minhas mãos espalham nos ares flocos de neve alvinitente para que com eles faças o teu sólio. Por que então não te levantas e reinas absoluta sobre o mundo?
    Respondendo ao  Criador, a Poesia sussurrou que estava triste porque nada no mundo criado a amava. Nem o leão, nem o urso, nem a girafa das savanas, nem o boi, nem o cavalo fogoso, nem a fonte, nem a cascata. Nada havia sobre a Terra que a amasse e a celebrasse como era de seu direito.
    O Artista sorriu.  Seu sorriso abalou os alicerces do mundo e as sete colunas que sustentam os sete céus. E assim falou:
    - Vou criar um ente à Minha imagem e semelhança, que te ame como Eu. Serás então glorificada até os últimos confins da Terra. Teus adoradores se multiplicarão como as areias do mar e as estrelas do celeste firmamento. 
     Isto dizendo, tomou do cinzel e de um bloco de mármore. No alto do bloco abriu duas cavidades parecidas com os Seus olhos divinos; mais abaixo outra igual à Sua boca; desenhou as orelhas, afilou o nariz, esculpiu o tronco, os braços e as pernas.
    Afastou-se três passos, colocou as mãos nos quadris, admirando o Seu trabalho. Achando que era bom, assoprou sobre ele o Seu espírito divino, e fez surgir o Homem.
   Reconhecendo, porém, que não era bom para o Homem estar só, o Artista arrancou-lhe do lado um pedaço de sua carne, assoprou também sobre ele e nasceu a Mulher.
   Homem e Mulher prostraram-se diante do Artista e O adoraram como seu único e fiel Deus. E Ele lhes  fez uma solene promessa:
    - Eis que Eu vos criei unicamente para servirdes à Poesia. Vós devereis amá-la e servi-la fielmente. Ela é a soberana da Criação: dos pássaros voejantes, das florestas, da dança das folhas, do sol e da chuva, do orvalho e dos ventos, das borboletas e das cigarras. Este é um mandamento que eu vou dou a vós e aos vossos filhos.
    Este foi o quinto dia do trabalho criativo do Artista. E Ele viu que tudo era bom.
  Passado muito tempo, os filhos dos homens e as filhas das mulheres tiveram outros filhos e filhas. E disseram entre si:
   - O Artista nos criou para o serviço da Poesia. Vamos, pois, e tomemos as arrecadas de ouro das orelhas de nossas mulheres, de nossos filhos e de nossas filhas, e façamos instrumentos de som para louvar a Poesia.
    Assim foi feito. Vieram outros também, e com a rima e o ritmo trazidos das terras de Ofir e de Golconda, teceram ricas vestimentas para a Poesia. E ela reinou, absoluta, sobre o Mundo. Seus súditos eram, pela multidão, inumeráveis como a areia das praias. Comiam, bebiam, cantavam e se alegravam, porque poderosa era a sua Rainha. Ela possuía sob seu domínio todos os homens e mulheres dos quatro cantos da Terra, desde os confins do país dos orientais, até a fronteira do ocidente e do grande mar.
   Mais uma vez os tempos correram. Como a Poesia se entristecesse, já enfarada com a glória que tinha, disseram os filhos dos homens às filhas das mulheres:
    - Eis que nossa Rainha está dominada pela tristeza. Façamos novas coisas que lhe deem alegria. Vamos edificar um altar e sobre ele ofereçamos a ela incenso e sacrifícios de touros e cordeiros
     Foi então que o Artista lhes apareceu numa nuvem de fogo, entre relâmpagos e trovões, e lhes falou:
     - Ouvi, homens, e ouvi vós também, mulheres, jovens e crianças: ide a todos os recantos da Terra, colhei em vasos de alabastro os sorrisos da Poesia, do tempo em que ainda havia sorriso em seus lábios, trazei-os a mim, e Eu a farei novamente feliz.
    Vieram então os filhos dos homens e as filhas das mulheres, e puseram mãos à obra, obedientes à voz do Artista. Uns recolhiam os sorrisos da Poesia nos raios do luar, outros nas gotas límpidas do orvalho, alguns na tepidez dos ninhos, outros mais na brancura alcandorada das geleiras eternas, ou na pureza das crianças, ou na felicidade dos esposos.
    Todos trabalharam: colheram os sorrisos da Poesia em vasos de alabastro e lhe entregaram, para que Ele a fizesse outra vez feliz. E o Artista tomou os sorrisos da Poesia em Suas mãos poderosas, os abençoou, assoprou sobre eles o Seu espírito divino e os transformou num ser quase etéreo, o Poeta. E disse o Artista ao Poeta:
    - Eis que os filhos dos homens e as filhas das mulheres não souberam amar a Poesia como Eu lhes ordenei em mandamento solene. Por isso te criei, ó Poeta, e tu serás o seu único sacerdote em toda a Terra. Vai, pois, e faze-a novamente Rainha da Criação.
    Foi assim que nasceu o Poeta, dos sorrisos da Poesia, pelas mãos fecundas do Artista. E este foi o derradeiro dia da criação, e o Artista descansou de Seu trabalho e subiu para Sua morada, no Céu.
     E a Poesia encheu o mundo com a sua luz, quer durante o dia, quer durante a noite, quando o sol vai repousar por trás das grandes árvores que povoam o ocaso.
      Ela tudo alegra, tudo vivifica, torna mais linda e acolhedora a Terra. Sem ela, nada haveria sobre o solo.
Nem o sol, nem a lua, nem o vento, nem o mar, nem a chuva, nem o homem, nem a mulher. Nada haveria, exceto o Artista, que a tirou de Seu cérebro onipotente, pois a Poesia é o pensamento do Artista que desabrochou na Terra e no Céu, criados ambos para ela e para a sua maior glória.
     Grande é o Artista!
     Grande e eterno é o Artista Sublime,  criador da Sublime e também eterna Poesia.
     A Ele a honra e a glória, por todos os séculos dos séculos, na voz de todos os Poetas!
     Assim seja. Amém.

     (Do meu livro "Capitu")
     
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                                                      Se eu pudesse,
                                                      na hora mais dolorosa
                                                      do sepultamento de minha filha Raquel,
                                                      quando a sua urna funerária
                                                       fosse colocada túmulo a dentro,
                                                       eu faria com que uma revoada de andorinhas
                                                       voasse sobre a cabeça dos presentes
                                                       lembrando a sua ressurreição NA morte,
                                                       como é a Fé
                                                       que mantém vivo até hoje...
                                                        Oh! como seria bom
                                                        se eu pudesse!...
    
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quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

NOSSOS MALES SÃO CASTIGO DE DEUS?


                                                                                           (À memória de minha filha Raquel)


      Nesta semana que passou, funcionários da Prefeitura estiveram no meu bairro podando as árvores que embelezam e dão sombra às ruas. Isto me fez recordar um fato acontecido comigo, quando ainda moleque, residindo em Poços de Caldas, cidade mineira famosa pelas suas fontes termais.
    Certo dia, de manhã cedo, vi um cidadão com uma tesoura enorme nas mãos, junto a uma árvore frondosa e muito bonita, principalmente pela sua sombra, bem diante de minha casa. Toda tarde minha mãe, de saudosa memória, gostava de sentar-se num banco rústico, à sua sombra, na interminável tarefa de fazer toalhas de crochê.
      Pois é. O funcionário da Prefeitura, com a sua enorme tesoura, começou a cortar os galhos mais tenros e bonitos da árvore. Reclamei, agarrei-o pelo braço. Ele sorriu para mim e me disse que depois de um mês eu iria ver o resultado do que tinha feito.
      De fato, algum tempo depois, a árvore estava bem diferente, parecia-me mais cheia de vida. E foi assim, conforme as palavras do homem, que eu comecei a aprender o segredo das podas...
     Hoje, nesta semana em que completei meus setenta e sete anos bem vividos, ao ler um texto da Bíblia Sagrada em que o Criador poda justamente os galhos que dão frutos, entendi as palavras evangélicas, porque eu já sabia o efeito da poda.
      Pus-me então a cogitar comigo mesmo:
     Por que todos nós, mesmo os que se dizem cristãos e frequentam templos e igrejas, temos a tentação de imaginar que todos os males que acontecem conosco são castigos de Deus? Por que não aceitar que Deus permite sofrimentos físicos e morais, como o agricultor que poda suas árvores frutíferas para que produzam frutos em abundância?
   Por mais que o sofrimento nos desnorteie, por mais que certos tormentos nos pareçam absurdos e revoltantes - e aqui me lembro do falecimento precoce de minha filha Raquel - temos que nos agarrar firmemente a dois cabos de aço: Deus existe, e Deus é Pai de todos os pais que sofrem a perda irreparável de um filho, sabendo que Ele também perdeu Seu Filho amado, Jesus de Nazaré.
    Quando isto acontece, ficamos como que não vendo nada, não entendendo nada. Ficamos como árvores carregadas de folhagem, cheias de vida, e que, depois da poda, se reduzem a galhos  toscos, que lembram braços esqueléticos que se erguem para o alto, pedindo explicações a Deus.
   Quando encontramos pessoas esmagadas assim - como minha neta Isabela, menina tornada órfã pela morte da mãe; - quando encontramos criaturinhas inocentes, em cima de uma cama de hospital, cansadas de sofrer, não é bom que a gente se meta a dar explicações que não explicam nada, e deixam a pessoa que está sofrendo mais esmagada ainda. 
   Em horas assim, nada como uma presença silenciosa, de quem faz sentir, sem palavras, como está acompanhando, como está sofrendo junto...
     No sepultamento de minha filha Raquel, eu não consegui me aproximar do túmulo onde ela estava sendo sepultada. Sentei-me a um banco, a certa distância, e ali fiquei, chorando e sofrendo silenciosamente. Aí então um antigo vizinho e amigo - faço questão de declarar seu nome - o senhor João, ministro da Eucaristia na minha igreja - sentou-se ao meu lado e ali ficou durante todo o tempo do sepultamento, concentrado, sem dizer palavra. E até hoje sou-lhe grato por isso, porque qualquer palavra que ele dissesse não amenizaria a minha dor; mas a sua presença, silenciosa, compartilhando de minha tristeza, foi como que um bálsamo para minha alma que sofria.
     Hoje, refletindo sobre esse fato, considero que em momentos assim é mais fácil, calado, sem palavras, em pensamento, falar do nosso sofrimento a Deus, do que meter-se a falar de Deus a quem está ali sofrendo.
     E repito aqui uma prece que me acostumei a fazer quando a lembrança de minha falecida filha Raquel me tortura a alma:
     - "Ó Deus, Pai de todos os pais, não permitas que um outro pai, sofrendo, guarde a impressão de que não és Pai. Quando a pobre criatura humana já não aguenta mais, quando estiver desesperada, em risco de enlouquecer, Tu, que és também Pai, tens um milhão de meios de provar que não estás distante, indiferente, surdo e mudo por  detrás das nuvens. Faze-me compreender que Tu estás bem perto, pertinho, pertíssimo, e que nunca, em instante algum, deixas de ser Pai!"  

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                                              "Se eu pudesse,
                                                na hora mais dolorosa do sepultamento
                                                da  minha filha Raquel,
                                                quando a urna funerária
                                                era colocada túmulo a dentro,
                                                eu faria com que voasse
                                                sobre os presentes
                                                uma revoada de andorinhas
                                                lembrando sua ressurreição na morte
                                                conforme a Fé
                                                que me mantém vivo até hoje...
                                                Oh! como seria bom
                                                se eu pudesse!"


                                               *******************************