sábado, 25 de maio de 2013

OS QUE NÃO QUEREM PROCURAR DEUS


          No meu modesto entender, existem duas atitudes perante o problema religioso, conforme aprendi nas aulas do saudoso Monsenhor Roxo, professor de Dogmática na Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, em São Paulo. Foi sob a sua orientação criteriosa e amiga que me tornei, com muito orgulho, licenciado em Teologia.
      Conforme as aulas do Monsenhor Roxo, existem aqueles que procuram Deus, porque desejam descobrir o sentido final da vida; e a atitude daqueles que não querem procurar Deus, por entenderem, mais ou menos explicitamente, que homem e mulher são os únicos responsáveis pela sua própria existência, perfeitamente capazes de se arranjarem neste nosso universo.
          Aqueles que procuram Deus acolherão de bom grado a Seu respeito toda a luz, por pequena que seja e seja qual for o meio de a obter, comportando-se quanto a essa luz como um investigador contente de descobrir uma pista eventual, e não como um juiz que tudo pretendesse submeter ao seu critério de investigação, e fixar a priori  as condições em que essa luz deveria apresentar-se para que ele se dignasse ocupar-se dela.
         Aqueles que não procuram Deus, ao contrário, serão os juízes de que fala um belo texto bíblico, e que não tardarão a mudar-se em inquisidores:  colocados em presença dos vestígios de passos de Deus na areia de nosso vida, vão se esforçar por reduzi-los a uma qualquer das hipóteses materialistas e atéia;, porém acuados em seus últimos refúgios pela evidência do fato religioso, volver-se-ão com todas as forças contra esse Deus que lhes ameaça a liberdade. Proclamarão, em altas vozes, o ateísmo e o antiteísmo. Perante os vestígios de uma presença misteriosa na ilha "deserta" de suas vida,  esforçam-se por negar, e depois explicar.
          Perante o fracasso das suas "explicações", darão meia volta para replicar: - "Vós dizeis que Deus existe, eu admito; mas nesse caso peço contas a Deus pelo mal presente no mundo; eu o intimo a explicar-se, Ele que me castigue se O provoco; que colabore nas minhas boas obras, pois desejo muito fazer a experiência religiosa. Mas se os vestígios de passos encontrados na areia são de alguém, que esse "alguém" se mostre; Quero ver o visitante das praias desertas; quer eu o odeie ou ame, ele deve mostrar-se, não pode permanecer escondido no Seu mistério."
         O desenlace é sabido: diante do "silêncio de Deus", eles concluirão, felizes pela sua descoberta: - "Deus não existe! Alegria! Lágrimas de alegria"!
          O ateu, no seu íntimo, sabe que Deus existe; mas não quer que Ele exista. Atrevo-me a compará-lo a um náufrago que estivesse, também, numa ilha "misteriosa", porém, ao contrário dos que se alegram ao se verem ajudados secretamente pelo benfeitor invisível, se revoltassem contra aquela presença oculta.
         Esse náufrago da vida consideraria uma covardia utilizar semelhante ajuda, preferindo prescindir-se dela. E começaria então uma luta de todos os instantes contra o visitante indesejado.
           Não é assim a nossa vida, diante da presença de Deus, que achamos muito bom dispensá-La?





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