segunda-feira, 11 de junho de 2012

PARTIR... CAMINHAR...



      Meu último texto foi "Caminhar pelos caminhos da vida". Este, com outras palavras, continua o mesmo assunto: Partir... Caminhar... Pelas estradas da vida. Em busca da Casa do Pai.
      Partir é, antes de tudo, sair de si mesmo. Romper a casca de egoísmo que tende a aprisionar-nos dentro do próprio e exclusivo eu.
      Partir é não rodar, permanentemente, em torno de si, numa atitude de quem, na prática, se considera o centro do Mundo e da vida.
      Partir é não rodar apenas em volta dos problemas do meio a que pertencemos. Por mais que esse meio em que vivemos nos seja prazeroso, maior é a humanidade que nos rodeia e que temos a obrigação de servir.
      Partir, mais do que devorar estradas, cruzar mares ou atingir velocidades supersônicas, é abrir-se aos outros, ao nosso próximo, descobri-lo, ir-lhe ao encontro.
      Partir é abrir-se às idéias, inclusive contrárias às próprias, demonstrar fôlego de bom andarilho, de bom caminheiro. Feliz de quem entende e vive este pensamento que encontrei num livro do saudoso Dom Hélder Câmara, dos meus tempos de estudante de teologia: -"Se discordas de mim, tu me enriqueces."
      Ter ao próprio lado quem só sabe dizer amém, quem concorda sempre, para começo de conversa não é ter um companheiro de jornada mas, sim, uma sombra de si mesmo. Desde que a eventual discordância não seja sistemática nem proposital, que seja fruto de visão diferente da realidade, a partir de ângulos novos de conhecimento, ela constitui de fato um enriquecimento.
      É possível partir e caminhar sozinho. Mas o bom viajante, o bom peregrino, sabe que a grande caminhada é a própria vida, e esta supõe e exige companheiros. Companheiro, etimologicamente, diz-nos o dicionário, é quem come o mesmo pão, em comunidade.
      Feliz de quem se sente em perene caminhada e de quem vê no próximo um eventual e desejável companheiro de jornada.
      O bom caminheiro pelas estradas da vida preocupa-se com os companheiros desencorajados, sem ânimo, sem esperança de chegar ao fim da caminhada. Adivinha o instante em que esse companheiro desanima e se encontra a um palmo da desistência. Conforta-o onde ele se encontra. Deixa que desabafe e, com inteligência, com habilidade e, sobretudo com amor, ajuda-o a recobrar ânimo e voltar a ter gosto na caminhada.
      Partir por partir, caminhar por caminhar não é ainda verdadeiramente caminhar.
      Caminhar é partir à procura de metas, é prever um fim, uma chegada, um desembarque prazeroso.
      Lembremo-nos que há caminhada e caminhada.
      Para os que buscam um objetivo, uma meta a alcançar, um alvo a atingir, partir, caminhar significa mover-se e ajudar muitos outros a se moverem também, na procura de tudo fazer para colaborar na construça de um mundo mais justo e mais humano, para si e para os companheiros de jornada.
      Partir... caminhar... Mas à procura de quem se transviou, se perdeu nos caminhos tortuosos da vida, para mostrar-lhe a estrada certa que deve palmilhar, para mostrar-lhe que toda estrada bem palmilhada leva definitivamente, sem erros ou desvios, à Casa do Pai!
  

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