(do meu "Diário") :
Filha do ex- professor de Português e Francês, da Escola Estadual Machado de Assis, em Barbosa Ferraz, Paraná, Raquel foi aluna do pai desde o ensino fundamental até toda a duração do ensino médio. O pai diz que sempre a tratou com maior rigor em relação aos demais alunos. Mesmo assim, ela nunca deixou de estar sempre nos três primeiros lugares de sua classe, no aproveitamento e nas notas dos boletins.
Após terminar o ensino médio, foi aprovada no curso de Farmácia e Bioquímica da Universidade Estadual de Maringá. Concluído o curso, como não tinha condições financeiras para montar um laboratório ou uma farmácia, fez concurso para a Caixa Econômica Federal, sendo aprovada com ótima colocação.
Iniciou a carreira de bancária, chegando a gerente. Trabalhou em agências de Maringá, Campo Mourão, Rio de Janeiro e, por último, em Curitiba.
O pai acredita que Raquel viveu sua vida profissional e as tarefas de mãe de maneira tão intensa, que descurou dos cuidados com a saúde. Teve câncer de mama, descoberto já em estado bem adiantado. A descoberta da doença e a preocupação com o futuro da filha, Isabela, fizeram com que sua ânsia de viver se multiplicasse. Obrigada a aposentar-se pela CEF por invalidez, não desistiu da luta: fez vestibular para o curso de Direito, matriculou-se na Unibrasil, em Curitiba, e foi aprovada.
Intercalava seus estudos com as dolorosas sessões de quimioterapia e de radioterapia, que foram uma constante no seu dia-a-dia por quatro anos. Formou-se em plena doença, e advogou até seus últimos dias. Sua razão de viver tinha um nome: Isabela, hoje com quinze anos.
Raquel viveu com a filha, apesar da doença, os seus melhores dias. Viajou com a menina pelo Nordeste e pelo Sul. Estiveram na Argentina, e para onde mais a razão da sua vida quisesse ir - Raquel estava sempre disposta a atender a filha em todos os seus desejos. Sacrificou-se, esqueceu-se de sua grave doença para fazer a filha feliz.
Faleceu vitimada pelo câncer, aos 43 anos. Deixa os pais, três irmãos e a filha, Isabela.
Que Deus, Pai de todos os pais que sofrem, a tenha na Sua Paz!
Que Deus, Pai de todos os pais que sofrem, a tenha na Sua Paz!
(Gazeta do Povo, Curitiba, 29-08-2010).
- "Se eu pudesse, na hora mais dolorosa do sepultamento
de minha filha Raquel, quando a urna funerária fosse colocada
túmulo a dentro, eu faria com que voasse sobre os presentes
uma revoada de andorinhas, lembrando a sua ressurreição
na morte, como é a Fé que me mantém vivo até hoje...
Oh! como seria bom se eu pudesse!..."
Seu pai.
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